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São Paulo, quarta-feira, 27 de agosto de 2003

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FERNANDO RODRIGUES

Lula e a esperança

BRASÍLIA - Saiu ontem uma nova pesquisa sobre a popularidade de Lula. O presidente está com 48,3% de avaliação positiva, segundo levantamento da CNT-Sensus realizado de 20 a 22 de agosto.
Nesse mesmo período, há oito anos, FHC registrava 39% de avaliação positiva em uma pesquisa com metodologia similar. À época, o real e o dólar valiam a mesma coisa, a classe média passeava em Miami e as padarias ofereciam batata frita importada pelo preço da nacional.
Hoje, o desemprego disparou, a renda dos trabalhadores desabou e as perspectivas reais futuras não são as melhores. Ainda assim, Lula tem nove pontos percentuais a mais de aprovação do que o tucano.
Uma explicação para esse aparente paradoxo está na própria pesquisa Sensus: o nível de esperança dos brasileiros continua altíssimo. Mesmo reconhecendo que o cenário atual é ruim, 46,5% acham que haverá mais emprego disponível daqui a seis meses. Para 40,4% a renda pessoal vai aumentar (apenas 13,9% acreditam que vai diminuir).
Os brasileiros estão pacientes. Não debitam na conta de Lula os problemas atuais: 40,3% apontam o governo FHC como causa principal do desemprego. Só 9,2% enxergam culpa do governo petista.
Como é evidente que a economia do país não vai melhorar a ponto de haver um "espetáculo do crescimento", dentro do governo há duas perguntas latentes: até quando dura a paciência dos eleitores com Lula e até quando o presidente ficará com a popularidade em alta?
Não há resposta precisa para essas indagações. É possível que o final do ano alivie um pouco a economia, como resultado do início da queda dos juros. Nada vibrante, mas talvez salve as vendas do Natal. Será o suficiente para Duda Mendonça transformar o governo Lula no campeão do crescimento econômico.


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