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FERNANDO RODRIGUES
Lula e a esperança
BRASÍLIA - Saiu ontem uma nova pesquisa sobre a popularidade de Lula. O presidente está com 48,3% de
avaliação positiva, segundo levantamento da CNT-Sensus realizado de
20 a 22 de agosto.
Nesse mesmo período, há oito anos,
FHC registrava 39% de avaliação positiva em uma pesquisa com metodologia similar. À época, o real e o dólar
valiam a mesma coisa, a classe média
passeava em Miami e as padarias
ofereciam batata frita importada pelo preço da nacional.
Hoje, o desemprego disparou, a
renda dos trabalhadores desabou e
as perspectivas reais futuras não são
as melhores. Ainda assim, Lula tem
nove pontos percentuais a mais de
aprovação do que o tucano.
Uma explicação para esse aparente
paradoxo está na própria pesquisa
Sensus: o nível de esperança dos brasileiros continua altíssimo. Mesmo
reconhecendo que o cenário atual é
ruim, 46,5% acham que haverá mais
emprego disponível daqui a seis meses. Para 40,4% a renda pessoal vai
aumentar (apenas 13,9% acreditam
que vai diminuir).
Os brasileiros estão pacientes. Não
debitam na conta de Lula os problemas atuais: 40,3% apontam o governo FHC como causa principal do desemprego. Só 9,2% enxergam culpa
do governo petista.
Como é evidente que a economia
do país não vai melhorar a ponto de
haver um "espetáculo do crescimento", dentro do governo há duas perguntas latentes: até quando dura a
paciência dos eleitores com Lula e até
quando o presidente ficará com a popularidade em alta?
Não há resposta precisa para essas
indagações. É possível que o final do
ano alivie um pouco a economia, como resultado do início da queda dos
juros. Nada vibrante, mas talvez salve as vendas do Natal. Será o suficiente para Duda Mendonça transformar o governo Lula no campeão
do crescimento econômico.
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