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FERNANDO RODRIGUES
Roteiro do caos
BRASÍLIA - Há uma operação indisfarçável de todos os partidos para
proteger o presidente da República.
Os deputados do baixo clero lutam
freneticamente para salvar a pele da
cassação. Uma pizza é possível.
Ainda assim, o descontrole e a falta
de comando político no Congresso, a
desagregação no PT e a solidão de
várias personagens já torradas pelo
escândalo podem levar a um desfecho sangrento.
O primeiro item desse roteiro do
caos é a quase certa cassação do deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ)
na frente dos demais. O petebista foi
o autor das acusações iniciais, publicadas em três entrevistas a Renata Lo
Prete, nesta Folha. Jefferson assumiu
um crime -os R$ 4 milhões que diz
ter recebido do caixa dois do PT.
Com Jefferson degolado sozinho, a
chance de haver reações imprevistas
sobe exponencialmente. O próprio
petebista talvez reconsidere suas
comportadas declarações a respeito
de Lula e de outros grandes da República. Nesse mesmo cenário, um conjunto de homens-bomba continuará
a descer para as profundezas da solidão e do desamparo. Há vários nessa
condição. Até quando vão agüentar
em silêncio? Impossível dizer.
Tome-se o caso de Rogério Buratti,
o ex-amigo (sic) de Antonio Palocci,
e a dita propina de R$ 50 mil mensais paga à Prefeitura de Ribeirão
Preto. Pela versão burattiana da corrupção, o dinheiro era entregue ao
PT nacional, em São Paulo. Palocci
nega.
É fácil dirimir essa dúvida: basta
colocar frente a frente Buratti e o ex-tesoureiro nacional do PT Delúbio
Soares. É possível que Delúbio negue
o recebimento. Buratti terá então de
revelar para onde foi a propina
-sob pena de ver sua reputação
afundar mais no esgoto.
É numa hora dessas que as pessoas
falam. Nos bastidores de Brasília e
do PT, ouve-se muito mais do que
tem sido apresentado às CPIs. Se a
descoordenação continuar no Congresso, um dia tudo isso fica público.
@ - frodriguesbsb@uol.com.br
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