São Paulo, sexta-feira, 27 de setembro de 2002

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

ELIANE CANTANHÊDE

O poder de um botão

BRASÍLIA - As urnas eletrônicas podem ter um papel decisivo nas eleições de 6 de outubro, principalmente se forem mantidas a apertada margem pró e contra a realização do segundo turno e a emocionante indefinição: se houver, quem vai competir com Lula?
Segundo o diretor do Datafolha, Mauro Paulino, quem mais tem de temer a urna eletrônica e seus mistérios é Anthony Garotinho (PSB), com eleitorado concentrado entre os menos escolarizados.
Entre os eleitores de nível superior, 6% votam em Garotinho. Entre os que têm até segundo grau, 15%. E entre os que têm até o primeiro grau, 16%. São esses 16% que vão enfrentar a fila e temer o efeito caixa eletrônico (o medo de errar, a vergonha de demorar) até fazer tudo direitinho.
No caso de Serra e de Ciro, as intenções de voto são bem distribuídas. E no de Lula, a vantagem é enorme para ele: entre os que têm curso superior, 53% votam nele. São os que têm mais facilidade de votar na urna eletrônica, com seis vagas, milhares de candidatos, uma montoeira de números e... aquele detalhe fatal: o voto para presidente é o último.
Paulino, porém, adverte para um outro dado importante da última pesquisa -e, aí, quem deve acender o sinal vermelho primeiro é Serra. Dos que pretendem votar no tucano, apenas 33% conhecem seu número (45). E se, juntando medo e vergonha, o sujeito se atrapalhar na hora "H"?
Dos eleitores potenciais de Lula (13), 55% conhecem seu número. Entre os de Ciro (23, aquele badalado pelo Kaká), 42%. Entre os de Garotinho (40), 39%. Garotinho, portanto, tem a desvantagem de manuseio da maquininha infernal. E Serra, a do desconhecimento do seu número. O que é curioso. Afinal, foi com o mesmo 45 que FHC ganhou no primeiro turno em 94 e em 98.
A eleição não está emocionante apenas durante a campanha -pela questão política e pelas oscilações de nomes e números. Será também no dia, até pelo velho e aparentemente simples ato de votar. A urna eletrônica é muito moderna. A questão é que o eleitor, nem tanto.


Texto Anterior: São Paulo - Clóvis Rossi: O lobo e os ratos
Próximo Texto: Rio de Janeiro - Marcelo Beraba: Dinheiro sujo e esqueletos
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.