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ELIANE CANTANHÊDE
O poder de um botão
BRASÍLIA - As urnas eletrônicas podem ter um papel decisivo nas eleições de 6 de outubro, principalmente
se forem mantidas a apertada margem pró e contra a realização do segundo turno e a emocionante indefinição: se houver, quem vai competir
com Lula?
Segundo o diretor do Datafolha,
Mauro Paulino, quem mais tem de
temer a urna eletrônica e seus mistérios é Anthony Garotinho (PSB), com
eleitorado concentrado entre os menos escolarizados.
Entre os eleitores de nível superior,
6% votam em Garotinho. Entre os
que têm até segundo grau, 15%. E entre os que têm até o primeiro grau,
16%. São esses 16% que vão enfrentar
a fila e temer o efeito caixa eletrônico
(o medo de errar, a vergonha de demorar) até fazer tudo direitinho.
No caso de Serra e de Ciro, as intenções de voto são bem distribuídas. E
no de Lula, a vantagem é enorme para ele: entre os que têm curso superior, 53% votam nele. São os que têm
mais facilidade de votar na urna eletrônica, com seis vagas, milhares de
candidatos, uma montoeira de números e... aquele detalhe fatal: o voto
para presidente é o último.
Paulino, porém, adverte para um
outro dado importante da última
pesquisa -e, aí, quem deve acender
o sinal vermelho primeiro é Serra.
Dos que pretendem votar no tucano,
apenas 33% conhecem seu número
(45). E se, juntando medo e vergonha,
o sujeito se atrapalhar na hora "H"?
Dos eleitores potenciais de Lula
(13), 55% conhecem seu número. Entre os de Ciro (23, aquele badalado
pelo Kaká), 42%. Entre os de Garotinho (40), 39%. Garotinho, portanto,
tem a desvantagem de manuseio da
maquininha infernal. E Serra, a do
desconhecimento do seu número. O
que é curioso. Afinal, foi com o mesmo 45 que FHC ganhou no primeiro
turno em 94 e em 98.
A eleição não está emocionante
apenas durante a campanha -pela
questão política e pelas oscilações de
nomes e números. Será também no
dia, até pelo velho e aparentemente
simples ato de votar. A urna eletrônica é muito moderna. A questão é que
o eleitor, nem tanto.
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