São Paulo, sexta-feira, 27 de setembro de 2002

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PAINEL DO LEITOR

Globo
"Em novembro do ano passado, o Conselho Editorial das Organizações Globo deu início a uma série de reuniões para preparar a cobertura das eleições gerais de 2002. Com base nos princípios editoriais que sempre nortearam o grupo -informação com isenção, imparcialidade e credibilidade-, a idéia era fazer uma cobertura que privilegiasse o debate de idéias, e não a troca estéril de acusações, que verificasse sempre se as promessas dos candidatos são realizáveis e que procurasse mostrar aos eleitores um diagnóstico do país com base em números. Ficou desde sempre estabelecido que os principais candidatos teriam espaços iguais, tratamento equânime e que nenhum estaria imune a críticas procedentes. Nestas eleições, graças à liberalização da legislação eleitoral no que diz respeito à mídia eletrônica, a TV Globo pôde fazer uma cobertura mais abrangente do que a realizada em anos anteriores -com entrevistas em seus telejornais e reportagens especiais amplas e esclarecedoras. Todos os setores da sociedade -imprensa, partidos políticos, leitores, ouvintes e telespectadores- aplaudiram essa nossa postura. E o reconhecimento de nossa isenção e imparcialidade é motivo de orgulho para todos nós. Por essa razão, causaram-nos surpresa e indignação as declarações do empresário Antônio Ermírio de Moraes em entrevista à Folha publicada em 26/9 ("Lula está longe de ser estadista, diz Ermírio", Eleições 2002, pág. Especial 3). Nela, ele diz: "A saída do ex-presidente da Petrobras Philippe Reichstul da Globo é um mau sintoma para a campanha do Serra. Desmontou a máquina. Eu entendi que estava montado um esquema macro de apoio ao Serra". Antônio Ermírio, na verdade, não entendeu nada. Nem Philippe Reichstul deixou as Organizações Globo (ele permanece em nosso Conselho de Administração), nem jamais participaríamos de esquema nenhum -nem micro, nem macro- para apoiar esta ou aquela candidatura. A maior parte do empresariado brasileiro já é capaz de entender que um órgão de imprensa não tem chances de sobreviver se não oferecer, sempre, informação de qualidade, o que pressupõe, repetimos, isenção e imparcialidade. Alguns poucos ainda não entendem esse princípio básico. A estes, só resta aprender com as lições cotidianas da realidade."
João Roberto Marinho, vice-presidente das Organizações Globo (Rio de Janeiro, RJ)

Entrevista
"Sem dúvida, vale a pena ler as entrevistas com Antônio Ermírio de Moraes, que mantém um comportamento digno e correto ao longo do tempo, sempre privilegiando e valorizando o nosso país. De outro lado, vale a pena compará-lo a Lula, que pede votos para Quércia. É uma pena, para nós, que o trabalhador tenha mudado tanto -para pior."
Lourivaldo Minguini (Santos, SP)

"O dr. Antônio Ermírio deveria parar de dizer que o Lula nunca trabalhou na vida. É fim do mundo! Político não trabalha, só respira política durante 24 horas por dia. A única pessoa que trabalha é o dr. Antônio Ermírio de Moraes: 18 horas na Votorantim e 19 horas na Beneficência Portuguesa. Respeitar a vocação de cada um é, além de tudo, ético."
Márcio Ferreira de Morais (São Paulo, SP)

Pensando grande
"Como leitora da Folha, gostaria de parabenizar o jornal pela publicação do artigo "Quando os pequenos pensam grande", publicado no caderno Sinapse em 24/9 (pág. 30). Embora Noel Rosa afirmasse que a filosofia é uma moradia, é preciso divulgar e discutir o papel educacional da filosofia em um país onde moramos e convivemos com miséria cultural, econômica e política. Como coordenadora do Centro Brasileiro de Filosofia para Crianças, gostaria de enfatizar que é preciso encarar o papel da filosofia na escola para além da necessidade de formarmos profissionais capazes de buscar novas informações e fazer novas relações. Muito já se discutiu sobre a utilidade da filosofia, porém, mais do que "auxiliar os pequenos a pensar grande", a filosofia deve promover a reflexão sobre o humano e sobre seus valores. Mais do que uma utilidade, a filosofia tem um papel primordial na formação do homem, ou seja, faz-nos pensar sobre as relações que construímos para que possamos nos espantar e nos reencontrar com o humano que mora em nós. Se Noel afirmava "mora na filosofia, para que rimar amor e dor?", era porque, em sua sensibilidade de poeta e de músico, intuía que a filosofia poderia desmascarar as rimas fáceis e os discursos vazios."
Dalva Garcia, coordenadora pedagógica do Centro Brasileiro de Filosofia para Crianças (São Paulo, SP)

Intervenção
"Mais um ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) rechaçou a possibilidade de acolher dois pedidos de intervenção federal no Estado de São Paulo devido à falta de pagamento de precatórios alimentares -dívidas trabalhistas e previdenciárias, por exemplo, resultantes de decisões judicias definitivas. Na sessão de 25/9, foi a vez de o ministro Carlos Velloso manifestar-se contrariamente aos pleitos, acompanhando os colegas Gilmar Ferreira Mendes, Ellen Gracie, Maurício Corrêa e Nelson Jobim. Todos divergem do ministro Marco Aurélio de Mello, que vem votando pela intervenção. Com isso, o STF institucionalizou o calote, e os credores estão impossibilitados de fazer valer a Constituição Federal -que incrimina o presidente do Tribunal, e só ele, que obsta, por ato omissivo ou comissivo, o pagamento dos precatórios. É a porta dos fundos que o legislador toma o cuidado de deixar na lei para que os "intocáveis" possam violá-la impunemente. Onde a tal Lei de Responsabilidade Fiscal entra nessa história? Cai por terra a última esperança do cidadão de ver respeitados os seus direitos e, principalmente, de parar de ouvir a conversa enganosa de que o falecido governador Mário Covas saneou as finanças do Estado."
Silvio de Barros Pinheiro (Santos, SP)

Portuguesa de Desportos
"Vimos por meio desta registrar o nosso veemente protesto em relação à nota "Só poderia ser na Lusa" ("Painel FC", Esporte, pág. D2, 16/9), que ironiza a Associação Portuguesa de Desportos e toda a coletividade portuguesa deste país. Sempre esperamos de seu jornal reportagens sérias e fundamentadas em provas, como deve ser a prática saudável do jornalismo. E não se espera da linha da Folha divulgação de ironias e piadas sem fundamento que atingiram não só os nossos torcedores como também todos os portugueses que aqui vivem. Quanto ao futebol, salientamos que sempre procuramos atender satisfatoriamente os jornalistas da Folha por meio da nossa assessoria de imprensa e estamos sempre à disposição para prestar as informações da nossa equipe de futebol, apesar de considerarmos que o espaço dispensado à Portuguesa é sempre pequeno em seu jornal."
Nelson Miguel Marques Paula, vice-presidente de comunicações da Associação Portuguesa de Desportos (São Paulo, SP)

Nota da Redação - A nota tem fundamento. A reportagem da Folha viu uma placa por diversos meses no Canindé que informava preços iguais para sócios e para não-sócios para o estacionamento no estádio. Ela, aliás, já foi alterada.



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