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CLÓVIS ROSSI
Ajuda-memória
SÃO PAULO - Como o brasileiro em geral é meio distraído em assuntos
internacionais, convém uma ajuda-memória sobre temas que andam
frequentando o noticiário.
1 - A candidatura do Brasil ao posto
de membro permanente do Conselho
de Segurança das Nações Unidas é,
por enquanto, apenas virtual.
Explico: para que haja candidaturas, é preciso que haja um processo de
reforma da ONU, que nem sequer está à vista. O Brasil quer e merece o lugar, como é óbvio, mas é bom ter claro que ele ainda não existe nem pode, portanto, estar em disputa (para
valer) com qualquer outro país.
2 - O apoio do presidente George
Walker Bush ao endurecimento da
Argentina nas negociações com o
FMI não surgiu de empatia com o
presidente Néstor Kirchner ou para
sacanear a suposta moleza de Lula
em negociações similares.
Tem uma lógica antiga: não é para
pôr o dinheiro dos "carpinteiros"
norte-americanos em aventuras em
países remotos, como chegou a dizer
o então secretário do Tesouro, o desastrado, mas sincero, Paul O'Neill.
Ou seja, o FMI não tem que emprestar dinheiro público para salvar
especuladores ou países irresponsáveis, achava o governo Bush.
Se essa lógica não se aplica internamente, é outro problema, que fica
para outro dia.
3 - Não foi a criação do G20 Plus, o
grupo de países em desenvolvimento
liderado pelo Brasil, que levou ao colapso a conferência da Organização
Mundial do Comércio em Cancún.
O G20 Plus discutia só agricultura.
No domingo do colapso, a discussão
emperrou nos chamados "temas de
Cingapura" (facilitação do comércio,
compras governamentais, investimentos e políticas de concorrência).
Agricultura seria rediscutida depois
de resolvida a pendência sobre tais
temas. Não foi resolvida e não houve
rediscussão de agricultura, única
área de atuação do G20 Plus.
A propósito: a Índia quer fazer
uma reunião ministerial dos vinte e
poucos, para "cimentar" a unidade
do grupo. Boa idéia.
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