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São Paulo, sábado, 27 de setembro de 2003

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CLÓVIS ROSSI

Ajuda-memória

SÃO PAULO - Como o brasileiro em geral é meio distraído em assuntos internacionais, convém uma ajuda-memória sobre temas que andam frequentando o noticiário.
1 - A candidatura do Brasil ao posto de membro permanente do Conselho de Segurança das Nações Unidas é, por enquanto, apenas virtual.
Explico: para que haja candidaturas, é preciso que haja um processo de reforma da ONU, que nem sequer está à vista. O Brasil quer e merece o lugar, como é óbvio, mas é bom ter claro que ele ainda não existe nem pode, portanto, estar em disputa (para valer) com qualquer outro país.
2 - O apoio do presidente George Walker Bush ao endurecimento da Argentina nas negociações com o FMI não surgiu de empatia com o presidente Néstor Kirchner ou para sacanear a suposta moleza de Lula em negociações similares.
Tem uma lógica antiga: não é para pôr o dinheiro dos "carpinteiros" norte-americanos em aventuras em países remotos, como chegou a dizer o então secretário do Tesouro, o desastrado, mas sincero, Paul O'Neill.
Ou seja, o FMI não tem que emprestar dinheiro público para salvar especuladores ou países irresponsáveis, achava o governo Bush.
Se essa lógica não se aplica internamente, é outro problema, que fica para outro dia.
3 - Não foi a criação do G20 Plus, o grupo de países em desenvolvimento liderado pelo Brasil, que levou ao colapso a conferência da Organização Mundial do Comércio em Cancún.
O G20 Plus discutia só agricultura. No domingo do colapso, a discussão emperrou nos chamados "temas de Cingapura" (facilitação do comércio, compras governamentais, investimentos e políticas de concorrência). Agricultura seria rediscutida depois de resolvida a pendência sobre tais temas. Não foi resolvida e não houve rediscussão de agricultura, única área de atuação do G20 Plus.
A propósito: a Índia quer fazer uma reunião ministerial dos vinte e poucos, para "cimentar" a unidade do grupo. Boa idéia.


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