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VINICIUS TORRES FREIRE
A educação do governo Lula
SÃO PAULO - A competição é das características mais positivas do mercado. Mas os participantes dos mercados tentam, e muita vez conseguem,
dar cabo da concorrência. Uma coisa
ruim da competição é o estresse. Mas
sem estresse ainda comeríamos carniça nas cavernas. Mas o que isso tem
a ver com educação?
Idéias boas, novas e práticas sobre
saúde, previdência e educação costumavam ser o traço mais positivo de
governos de esquerda. Lula vem tentando dar cabo dessa tradição. No
caso da educação universitária, por
exemplo, parece que o governo quer
liquidar a publicidade dos dados que
estimulam a concorrência. Segundo
o "Painel", o ministro da Educação
quer mudar o provão, para pior.
O provão já não é grande coisa: os
testes são precários, não se fecham os
cursos picaretas etc. Mas estimula a
concorrência. Faz as faculdades privadas buscarem professores mais titulados. Alerta, com efeitos práticos,
os estudantes a não se inscreverem
em muvucas escolares.
É verdade que sem dinheiro pouco
se faz. Mas precisa ser medíocre e não
ter imaginação? Antes mesmo da
posse, o ministro já charlava demagogias. "Vamos avaliar os reitores e o
ministro." "Sou contra cobrar mensalidade na universidade, mas o formado deve ter compromisso com o
país, a universidade precisa ter resposta para saúde, fome."
Mas o que o ministro propõe sobre
a autonomia das universidades federais? As federais estão ensinando
mais gente, há mais doutores em seus
quadros. Mas não têm dinheiro para
a conta de luz. O que o ministro acha
de cobrar contribuições de ex-alunos
de universidades públicas a fim de financiar bolsas para os melhores estudantes pobres do ensino médio e até
do ensino superior privado?
O que diz sobre a promiscuidade
público-privado no Conselho Nacional de Educação? Por falar nisso, a
penúria da universidade não faz professores privatizarem seus estudos e
laboratórios em convênios com empresas? Isso é ruim ou bom? Precisa
de mais controle?
Cadê Cristovam Buarque?
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