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Editoriais
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Dubai, a queda
FALANDO de drogas, o poeta
francês Charles Baudelaire
cunhou o termo "paraísos
artificiais". Tratava-se, em meados do século 19, do álcool, do
ópio e do haxixe.
Mais do que Cancún, Acapulco
ou Costa do Sauípe, a localidade
de Dubai, um dos sete Emirados
Árabes Unidos, concentrou nos
últimos anos a imagem de um
destino turístico bem-sucedido e
de um paraíso artificial.
Hotéis cinematográficos e lojas de alto luxo nasceram em pleno deserto da Arábia, e a garantia
de sol forte na maior parte do
ano deu condições para o florescimento do turismo no local.
Eis que surge a notícia, ressoando nos mercados globais:
Dubai ameaça dar calote. Pedindo para renegociar bilhões de dólares, o emirado derrubou as Bolsas pelo mundo e provocou fuga
de aplicações em países considerados de maior risco.
No Brasil, o real, cuja tendência à valorização se acentuou nos
últimos meses, experimentou
queda moderada em relação ao
dólar. Saindo de R$ 1,73, a cotação da moeda americana fechou
o dia em R$ 1,75.
Ainda não estão claras as possíveis linhas de contágio entre a
moratória de Dubai e as finanças
globais -ontem foi feriado de
Ação de Graças nos Estados Unidos, o que prejudica qualquer
projeção a respeito.
Sabe-se, contudo, que a derrocada dessa espécie de Las Vegas
das Arábias decorre diretamente
da "exuberância irracional" que
acometeu o mundo financeiro
nos anos que antecederam a crise global.
A obsessiva e frenética expansão do luxo imobiliário em Dubai
foi alimentada pelo mesmo transe que levou ao fenômeno "subprime" nos Estados Unidos. Neste caso, empurravam-se empréstimos habitacionais para quem
não tinha condições de arcar
com os pagamentos. No emirado, investiam-se bilhões de dólares em empreendimentos nababescos, cujas promessas de retorno pareciam contos das mil e
uma noites.
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