São Paulo, sexta-feira, 27 de novembro de 2009

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Editoriais

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Dubai, a queda

FALANDO de drogas, o poeta francês Charles Baudelaire cunhou o termo "paraísos artificiais". Tratava-se, em meados do século 19, do álcool, do ópio e do haxixe.
Mais do que Cancún, Acapulco ou Costa do Sauípe, a localidade de Dubai, um dos sete Emirados Árabes Unidos, concentrou nos últimos anos a imagem de um destino turístico bem-sucedido e de um paraíso artificial.
Hotéis cinematográficos e lojas de alto luxo nasceram em pleno deserto da Arábia, e a garantia de sol forte na maior parte do ano deu condições para o florescimento do turismo no local.
Eis que surge a notícia, ressoando nos mercados globais: Dubai ameaça dar calote. Pedindo para renegociar bilhões de dólares, o emirado derrubou as Bolsas pelo mundo e provocou fuga de aplicações em países considerados de maior risco.
No Brasil, o real, cuja tendência à valorização se acentuou nos últimos meses, experimentou queda moderada em relação ao dólar. Saindo de R$ 1,73, a cotação da moeda americana fechou o dia em R$ 1,75.
Ainda não estão claras as possíveis linhas de contágio entre a moratória de Dubai e as finanças globais -ontem foi feriado de Ação de Graças nos Estados Unidos, o que prejudica qualquer projeção a respeito.
Sabe-se, contudo, que a derrocada dessa espécie de Las Vegas das Arábias decorre diretamente da "exuberância irracional" que acometeu o mundo financeiro nos anos que antecederam a crise global.
A obsessiva e frenética expansão do luxo imobiliário em Dubai foi alimentada pelo mesmo transe que levou ao fenômeno "subprime" nos Estados Unidos. Neste caso, empurravam-se empréstimos habitacionais para quem não tinha condições de arcar com os pagamentos. No emirado, investiam-se bilhões de dólares em empreendimentos nababescos, cujas promessas de retorno pareciam contos das mil e uma noites.


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