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ELIANE CANTANHÊDE
Primeiras impressões
BRASÍLIA - As atenções deixaram de estar com todos os candidatos para se
concentrar num partido, o PMDB, e
num candidato, Garotinho (PSB).
O PMDB já era mesmo o mais apetitoso, porque tem o maior tempo na
televisão, ramificações no país inteiro, um número razoável de governos
estaduais e boas bancadas.
Agora, está com a faca e o queijo na
mão. O grande trunfo do PT, do
PSDB e do PFL é ter um candidato
competitivo à Presidência. O do
PMDB é justamente o oposto: é não
ter candidato nenhum para valer.
Explica-se: o TSE decidiu "verticalizar as coligações" (ou seja, impedir
que os candidatos nos Estados acertem chapas diferentes da presidencial). Se o PMDB lançar Itamar
Franco, por exemplo, seus candidatos
a governos e ao Senado não poderão
se coligar com nenhum outro partido
que tenha candidato próprio.
Assim, o que o PMDB tem de melhor a fazer é cruzar os braços, ficar
sem candidato e soltar a boiada. Sem
estar coligado a nenhum outro partido e sem lançar candidato próprio, o
partido poderá formalmente e sem
subterfúgios cair nos braços de quem
quiser nos Estados.
Roseana Sarney, Lula e Anthony
Garotinho correm o sério risco de ficarem sozinhos. Roseana ainda se segura com o PFL, um partido nacional. Lula também. E com o acréscimo
da militância. Mas, para Garotinho,
a situação pode ficar feia. O PSB não
tem tempo na TV, nem estrutura
partidária, nem lastro nos Estados.
E José Serra? Como a história está
cheia de amigos dele e ninguém dá
ponto sem nó, tudo indica que a "verticalização" foi feita para o candidato tucano. Mais uma vez, porém, depende dele. Se crescer muito devagar
nas pesquisas, poderá ficar também
sozinho com o PSDB. Se crescer celeremente, aí, sim, poderá atrair o
PMDB e outros tantos, num rolo
compressor pelos Estados afora.
Acho que é justamente isso que esperam os mentores e executores do
"plano". Mas é bom lembrar que, em
política, como na vida, esperteza demais às vezes come o dono.
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