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Os próximos passos
ELIANE CANTANHÊDE
Brasília - O governo conseguiu, finalmente, acertar a estratégia e criar um
fato positivo. Pode não durar, mas
sem dúvida é positivo.
Fernando Henrique Cardoso foi o
grande vitorioso. Itamar Franco, o
grande derrotado.
O país está em crise, as relações da
União com os Estados iam de mal a
pior. Num quadro assim, a reunião
com 26 dos 27 governadores já seria,
em si, favorável a FHC. Com um desfecho de sorrisos e boas declarações, melhor ainda.
O primeiro acerto foi inverter expectativas. Em geral, reuniões desse tipo
são precedidas de muitas esperanças e
acabam pífias. A de sexta-feira na
Granja do Torto foi o contrário: todo
mundo dizia que não ia dar em nada,
mas foi surpreendentemente boa.
Enganam-se, entretanto, aqueles
que pensam que Itamar está ferido de
morte. Na segunda e na terça ele vai
estar na toca do leão, Brasília, para
cumprir uma agenda de oposição:
OAB, 14 senadores de esquerda, entrevistas e holofotes.
Nos mesmos dias, o petista Olívio
Dutra fará percurso inverso: vai discutir com FHC e com o ministro Pedro
Malan as questões específicas do Rio
Grande do Sul.
A comparação pode ser ruim para
Itamar. Enquanto um rejeita participar de reunião do presidente com governadores, o outro participa, fala duro, cobra e senta em separado para
privilegiar seu Estado.
O fim dessa e de outras guerras do
governo FHC está longe de chegar.
Mas FHC pelo menos começou a limpar a agenda política negativa para
tentar recuperar a dianteira.
O próximo passo vai ser retomar
aquela conversa isolada e quase esquecida no tempo com Lula, do PT.
A cúpula petista, Lula inclusive, voltou a encampar o discurso e a vestir
uma indumentária radical de oposição. Mas não contem com o PT para
reforçar a posição de Itamar.
Se ele encanta setores da oposição,
estão menos no PT ou no PPS e mais
no PSB de Miguel Arraes e no PDT de
Leonel Brizola. São dois partidos à
busca de emoção e de líderes. Mas com
pouca capacidade de arregimentação.
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