São Paulo, Domingo, 28 de Fevereiro de 1999
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Os próximos passos

ELIANE CANTANHÊDE

Brasília - O governo conseguiu, finalmente, acertar a estratégia e criar um fato positivo. Pode não durar, mas sem dúvida é positivo.
Fernando Henrique Cardoso foi o grande vitorioso. Itamar Franco, o grande derrotado.
O país está em crise, as relações da União com os Estados iam de mal a pior. Num quadro assim, a reunião com 26 dos 27 governadores já seria, em si, favorável a FHC. Com um desfecho de sorrisos e boas declarações, melhor ainda.
O primeiro acerto foi inverter expectativas. Em geral, reuniões desse tipo são precedidas de muitas esperanças e acabam pífias. A de sexta-feira na Granja do Torto foi o contrário: todo mundo dizia que não ia dar em nada, mas foi surpreendentemente boa.
Enganam-se, entretanto, aqueles que pensam que Itamar está ferido de morte. Na segunda e na terça ele vai estar na toca do leão, Brasília, para cumprir uma agenda de oposição: OAB, 14 senadores de esquerda, entrevistas e holofotes.
Nos mesmos dias, o petista Olívio Dutra fará percurso inverso: vai discutir com FHC e com o ministro Pedro Malan as questões específicas do Rio Grande do Sul.
A comparação pode ser ruim para Itamar. Enquanto um rejeita participar de reunião do presidente com governadores, o outro participa, fala duro, cobra e senta em separado para privilegiar seu Estado.
O fim dessa e de outras guerras do governo FHC está longe de chegar. Mas FHC pelo menos começou a limpar a agenda política negativa para tentar recuperar a dianteira.
O próximo passo vai ser retomar aquela conversa isolada e quase esquecida no tempo com Lula, do PT.
A cúpula petista, Lula inclusive, voltou a encampar o discurso e a vestir uma indumentária radical de oposição. Mas não contem com o PT para reforçar a posição de Itamar.
Se ele encanta setores da oposição, estão menos no PT ou no PPS e mais no PSB de Miguel Arraes e no PDT de Leonel Brizola. São dois partidos à busca de emoção e de líderes. Mas com pouca capacidade de arregimentação.


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