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FERNANDO RODRIGUES
Pequenas derrotas
BRASÍLIA - O governo Lula colecionou derrotas nesta semana. Vistas separadamente, nada grave. Em conjunto, o quadro é outro.
Eis as derrotas:
1) diretor da ANP - Lula indicou
um amigo para ser diretor da Agência Nacional do Petróleo, o ex-deputado federal Luiz Salomão (PDT-RJ).
O plenário do Senado rejeitou o nome por 40 votos a 23. Uma humilhação para o Planalto;
2) Previdência - contra a vontade
do governo, a comissão que analisa
essa reforma aprovou um requerimento que determina a realização de
audiências sobre o tema em vários
Estados. Atrasará a votação.
Ontem, os governistas foram incapazes de colocar 52 deputados em
plenário para abrir a sessão da Câmara. Mais um dia de atraso;
3) tarifas telefônicas - o ministro
das Comunicações, Miro Teixeira,
pertence ao PDT. Essa sigla é contra o
governo. Situação esquisita.
Como se não bastasse, Teixeira quis
revogar uma lei do capitalismo: obrigar empresários de telefonia a ter menos lucro (aceitando reajustes menores que os previstos em contrato). Colocou o nome do presidente da República no meio. O que seria mais um
reajuste de tarifas -quase natural
no Brasil- transformou-se num revés desgastante.
É evidente que essas pequenas derrotas ainda não ameaçam a estabilidade da confortável base governista
dentro do Congresso. A reforma da
Previdência continua garantida.
Ocorre que o governo Lula está com
seis meses de idade. A popularidade
parece estar em nível recorde. Essas
derrapadas são incompatíveis com
uma administração poderosa.
Pode ser apenas uma fase de ajuste
para mais adiante não haver erros.
Essa é a explicação ouvida dos governistas. Mas há a hipótese de ser um
traço de comportamento: buscar a
crise, mesmo que ela não exista.
Neste último caso, ou José Dirceu
tem muito poder e não o usa, ou o
usa de maneira ineficaz. O tempo dirá.
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