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CLÓVIS ROSSI
Os bons companheiros
BASILEIA - Se Luiz Inácio Lula da
Silva é "o cara", conforme a brincadeira que seu colega Barack Obama
fez em Londres em abril, a alemã
Angela Merkel é "a cara", a julgar
pelas declarações -nesse caso a sério- que o presidente dos Estados
Unidos deu anteontem, ao receber
a chanceler na Casa Branca.
"Gosto muito de Merkel. É inteligente, prática e confio plenamente
no que me diz. É exatamente o que
alguém pode querer como sócio internacional", afirmou Obama.
Dá para dizer que é o lado Lula de
Obama. O presidente brasileiro é
notoriamente cordial com todos os
seus "companheiros" governantes,
independentemente do lado que
ocupem no arco político-ideológico. Foi cordial e "companheiro"
com George Walker Bush e é "companheiro" e cordial com Barack
Obama, para citar o exemplo de um
único país.
Obama também foi cordial, por
exemplo, com Hugo Chávez, que
não é exatamente um "companheiro" seu, durante a Cúpula das Américas há dois meses. Teve o cuidado
de, ao apresentar-se, dizer "sou Barack Obama", como se houvesse alguém naquela reunião que não soubesse quem era. Simpático.
Simpatia que até rende diplomaticamente, de que dá prova o fato de
Venezuela e Estados Unidos terem
devolvido seus embaixadores às
respectivas capitais. Simpatia não é
tudo, obviamente, em relações internacionais, mas é mais produtiva
do que a carranca de Bush.
Ainda bem que Lula se mostra
ciente de que a frase "é o cara" de
Obama foi apenas uma brincadeira,
embora sua assessoria tenha tido
orgasmos. Toda "asponeria" costuma ser mais realista que o rei.
Agora, na cúpula do G8+6 em
Áquila (Itália), o grau de companheirismo será testado pelo inevitável debate em torno do Irã. Obama dirá de Lula e suas teses sobre a
eleição iraniana o mesmo que disse
de Merkel ("confio plenamente no
que me diz")?
crossi@uol.com.br
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