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ELIANE CANTANHÊDE
Caminho da roça
BRASÍLIA - Desde o Império, tudo passa por Minas, um Estado que já
foi rico em ouro, em minérios variados, em gado, em cana da boa e em
pão de queijo. Hoje, tudo mudou. O
Estado continua rico produtor, mas
de dinheiro vivo! Cai em pencas.
Recursos de campanha, de "mensalão" e de outras formas engenhosas
de compra de parlamentares passam
pelas Gerais. Chegam de bancos, empreiteiras e teles, entram nas empresas do super-Marcos Valério e fluem
em malas, sacolas e pacotes para deputados e senadores de diferentes
partidos, do PT ao PSDB, do PP ao
PFL, do PL ao PTB.
Diante de todos os documentos, depoimentos, contas e saques, vai-se deduzindo que o esquema Marcos Valério começou como caixa dois para
campanhas dos tucanos e de seus
aliados mineiros e inflou com uma
força estonteante para uma espécie
de distribuição de dinheiro político
no atual governo. Está evidente que
os saques seriados não são só de campanha. São de outras coisas, bem
mais cabeludas.
Os tucanos e seus aliados deram o
"start" e desenvolveram a tecnologia
MV. Os petistas gostaram, meteram
segunda, terceira, quarta e quinta e
dispararam em frente. Agora, são flagrados pelo guarda da esquina em altíssima velocidade, embriagados com
o poder e jogando pela janela um
Land Rover daqui, um pacote de dinheiro dali, uma cueca cheia de dólares lá adiante. Um rastro e tanto.
Mineiros têm aquele jeitinho quieto, "Uai, sô!", mas não brincam em
serviço. O próprio Daniel Dantas, do
Opportunity, percebeu bem a ocasião
-ou oportunidade? Apesar de ser
tão baiano quanto alguns dos maiores gênios da publicidade tupiniquim
(Dudas, Nizans...), levou as contas da
Telemig Celular e da Amazônia Celular justamente para as agências do
"mineirim" Marcos Valério.
Deve ser questão de competência.
Quem não tem competência não se
estabelece. Aparentemente, quem
não compra os outros também não.
@ - elianec@uol.com.br
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