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Da valsa ao maxixe
ELIANE CANTANHÊDE
Brasília - Se o governo federal e suas
estatais têm mesmo R$ 450 milhões
para gastar em publicidade daqui até
as eleições, fica difícil concorrer com
Fernando Henrique.
Eis a conta feita por alto pelo deputado e ex-ministro Delfim Netto: serão
10 mil salários mínimos por dia, ou
300 mil por mês. Tudo para a propaganda oficial!
"Isso mostra que a campanha já começou, mas só de um lado", acusa
Delfim, que recorreu a dados repassados para os jornais pelo porta-voz da
Presidência, Sergio Amaral.
Para ilustrar a declaração, Delfim
mostra dois "relatórios de atividades", ambos chiquérrimos, que estão
sendo distribuídos por aí. Um deles é
do Ministério do Planejamento, sobre
o Programa "Brasil em Ação", carro-chefe da campanha de FHC. O outro, do BNDES, tem até disquete.
Delfim, porém, ressalva que publicidade não é tudo. Na sua opinião, "o
Fernando se preparou para uma valsa
com o PT em 98, mas vai enfrentar um
maxixe desenfreado".
Traduzindo: o presidente queria
mesmo era uma polarização com o
PT, de preferência com Lula, mas novos candidatos começam a surgir,
mais surpreendentes e desbocados.
Exemplos: Ciro Gomes, que conversa
com o PSB, e Roberto Requião, que
tenta a legenda do PMDB, deixando
uma porta aberta no PDT.
"Numa campanha pela televisão,
eles fazem um estrago danado na
imagem do governo. Podem forçar a
um segundo turno em que todos vão se
unir contra o Fernando", prevê Delfim, não disfarçando a torcida.
O raciocínio tem lógica, mas a política não. FHC já congelou Maluf, Itamar e Lerner. Agora, vai precisar apenas de uns bons baldes de água fria
para esfriar as candidaturas de Ciro,
Requião e mais a de Sarney.
Delfim pode até torcer por um maxixe, mas até agora nem valsa tem. O
que há é um dançarino solitário rodopiando na pista e com milhões e milhões de reais para gastar na dança.
PS - Provocação de ACM: "Ninguém abre a boca sobre o Ciro até o
Tasso (Jereissati) se manifestar".
Leia-se: qual é a tua, Tasso?
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