São Paulo, quinta, 28 de agosto de 1997.



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Da valsa ao maxixe

ELIANE CANTANHÊDE
Brasília - Se o governo federal e suas estatais têm mesmo R$ 450 milhões para gastar em publicidade daqui até as eleições, fica difícil concorrer com Fernando Henrique.
Eis a conta feita por alto pelo deputado e ex-ministro Delfim Netto: serão 10 mil salários mínimos por dia, ou 300 mil por mês. Tudo para a propaganda oficial!
"Isso mostra que a campanha já começou, mas só de um lado", acusa Delfim, que recorreu a dados repassados para os jornais pelo porta-voz da Presidência, Sergio Amaral.
Para ilustrar a declaração, Delfim mostra dois "relatórios de atividades", ambos chiquérrimos, que estão sendo distribuídos por aí. Um deles é do Ministério do Planejamento, sobre o Programa "Brasil em Ação", carro-chefe da campanha de FHC. O outro, do BNDES, tem até disquete.
Delfim, porém, ressalva que publicidade não é tudo. Na sua opinião, "o Fernando se preparou para uma valsa com o PT em 98, mas vai enfrentar um maxixe desenfreado".
Traduzindo: o presidente queria mesmo era uma polarização com o PT, de preferência com Lula, mas novos candidatos começam a surgir, mais surpreendentes e desbocados.
Exemplos: Ciro Gomes, que conversa com o PSB, e Roberto Requião, que tenta a legenda do PMDB, deixando uma porta aberta no PDT.
"Numa campanha pela televisão, eles fazem um estrago danado na imagem do governo. Podem forçar a um segundo turno em que todos vão se unir contra o Fernando", prevê Delfim, não disfarçando a torcida.
O raciocínio tem lógica, mas a política não. FHC já congelou Maluf, Itamar e Lerner. Agora, vai precisar apenas de uns bons baldes de água fria para esfriar as candidaturas de Ciro, Requião e mais a de Sarney.
Delfim pode até torcer por um maxixe, mas até agora nem valsa tem. O que há é um dançarino solitário rodopiando na pista e com milhões e milhões de reais para gastar na dança.
PS - Provocação de ACM: "Ninguém abre a boca sobre o Ciro até o Tasso (Jereissati) se manifestar". Leia-se: qual é a tua, Tasso?



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