|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Editoriais
editoriais@uol.com.br
Supremo gatilho
Sob o argumento de desincumbir deputados e senadores de um
fardo desnecessário e, assim, tornar o processo legislativo mais rápido, o Supremo Tribunal Federal
apresentou ao Congresso um projeto de lei que prevê reajustes automáticos anuais aos salários de
seus ministros. Em síntese, o novo
valor dos vencimentos seria determinado pela própria Corte.
O projeto foi secundado por iniciativa de mesmo teor enviada à
Câmara pelo procurador-geral da
República, que também advoga
em causa própria.
Toda categoria de funcionários,
se puder, tenderá a elevar seus
vencimentos e gastos de forma
abusiva. A necessária submissão
ao Congresso de qualquer pleito
salarial dos magistrados, hoje vigente, ainda aconteceria, é verdade, mas apenas a cada quatro
anos, a partir de 2015.
Não se trata de liberdade irrestrita, argumentam os juízes. Os
reajustes terão "por base índices
anuais projetados pelo governo
federal". Não haveria ganhos
"reais", apenas a eliminação de
perdas provocadas pela inflação.
Ora, há índices para tudo e para
todos. O que se busca, de maneira
impertinente, é o privilégio -lesivo ao contribuinte, aos cofres públicos e à própria imagem das autoridades que o pleiteiam.
A criação de "gatilhos" contribui para perpetuar a inflação passada e engessa os gastos com a
máquina pública. Boa parte do esforço para desmontar a indexação
pode se perder.
Sobretudo porque aumentos de
salários dos ministros do Supremo repercutem em toda a magistratura federal e balizam os vencimentos do conjunto do funcionalismo público.
Parece ocioso argumentar, como pretendeu com razão a Consultoria de Orçamento e Fiscalização Financeira da Câmara, que o
diploma é inconstitucional. A última palavra, a esse respeito, caberá sempre ao próprio STF.
O que apenas torna o projeto
mais inapropriado e criticável.
Texto Anterior: Editoriais: A confusão do pré-sal Próximo Texto: São Paulo - Fernando de Barros e Silva: A batalha paulista Índice
|