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FERNANDO RODRIGUES
Crime e incompetência
BRASÍLIA - A Receita Federal
anunciou ontem uma possível reestruturação em seu sistema para evitar vazamentos de dados de contribuintes brasileiros. Pessoas ligadas
ao PSDB e dezenas de outras passaram pelo constrangimento de terem seus sigilos fiscais violados de
maneira criminosa.
O secretário da Receita Federal,
Otacílio Cartaxo, explicou: "A partir do momento em que se verificou
o fato do vazamento de informações sigilosas, a direção da Receita
determinou que fosse construído
um projeto de reestruturação da rede de proteção das informações".
O corregedor-geral do Fisco, Antônio Carlos Costa D'Ávila, falou sobre o episódio e disse haver "indícios de um balcão de compra e venda de dados sigilosos".
Exceto quem chegou ontem de
Marte, todos conhecem a facilidade
com que se compram dados sigilosos da Receita Federal. Camelôs
oferecem as informações em DVDs
livremente em São Paulo. Há anos
são publicadas reportagens a respeito. Já o governo só vê "indícios"
da traficância. Na melhor hipótese,
essa avaliação é a soma de incompetência e desinformação.
Petistas argumentam que essa
disfunção criminosa existe desde
tempos imemoriais, inclusive na
administração passada de Fernando Henrique Cardoso. O ponto agora é outro. O governo atual tem quase oito anos e nada fez.
Ao anunciar possíveis medidas
para aperfeiçoar a segurança dos
dados da Receita, o órgão segue a
tradição secular de Brasília: porteira arrobada, cadeado nela.
Antes do novo sistema, seria útil
identificar a mando de quem os dados de tucanos foram vazados. Não
por serem tucanos, e sim para dar
satisfação aos pagadores de impostos. Indagado se a apuração termina antes de 3 de outubro, Cartaxo
desdenhou: "Não estamos preocupados com o calendário eleitoral".
Esse é um ritmo pró-governo. Os 135
milhões de eleitores brasileiros merecem saber o que se passou.
fernando.rodrigues@grupofolha.com.br
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