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FERNANDO RODRIGUES
O PT e o dólar
BRASÍLIA - Ontem o jornal "Valor Econômico" estampou em sua primeira página o título "PT não assusta, diz banqueiro". A frase era do presidente do Banco Real, Fábio Barbosa. O Real pertence ao ABN-Amro,
um gigante europeu.
Foi mais uma declaração simpática
de um banqueiro. Não adiantou. A
especulação rolou solta ontem. O dólar fechou cotado em R$ 3,88, um novo recorde do Plano Real.
Além das especulações recorrentes
sobre vitória de Lula no dia 6 de outubro, outro ingrediente contribuiu
para causar alarme. Veio de onde
menos se esperava, da boca do ministro da Fazenda, Pedro Malan -que
disse haver no mercado "uma ganância infecciosa", "um medo infeccioso"
e "uma ignorância".
É comum ser acusado de preconceituoso pelo PT quando se aponta alguma ligação entre a alta do dólar e
uma eventual vitória petista. Mas seria um erro também dizer que não há
conexão entre uma coisa e outra.
O PT não quer ser pintado como a
besta-fera definitiva do capitalismo
(até porque não o é). Tudo bem.
Ocorre que o mercado financeiro
também está longe de ter como razão
da sua existência a destruição de
candidatos petistas. Só que não é
uma entidade filantrópica.
Essa gente está no Brasil para ganhar dinheiro. Se enxergam a hipótese de ter os lucros reduzidos, fogem. É
assim em qualquer lugar.
Qual cidadão da classe média brasileira, por exemplo, estaria disposto
e com coragem de investir agora num
fundo de renda fixa na Argentina?
Possivelmente nenhum.
Só haverá calmaria no mercado
quando ficar claro o rumo da próxima administração federal. Se Lula
vencer, estará nas mãos do PT o controle da situação. O petista vive dizendo que a responsabilidade pela
economia é de FHC até o dia 31 de
dezembro. Mas caberá ao eleito, seja
Lula ou outro candidato, falar com
muita rapidez sobre como será o novo governo a partir de janeiro.
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