São Paulo, sábado, 28 de setembro de 2002

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FERNANDO RODRIGUES

O PT e o dólar

BRASÍLIA - Ontem o jornal "Valor Econômico" estampou em sua primeira página o título "PT não assusta, diz banqueiro". A frase era do presidente do Banco Real, Fábio Barbosa. O Real pertence ao ABN-Amro, um gigante europeu.
Foi mais uma declaração simpática de um banqueiro. Não adiantou. A especulação rolou solta ontem. O dólar fechou cotado em R$ 3,88, um novo recorde do Plano Real.
Além das especulações recorrentes sobre vitória de Lula no dia 6 de outubro, outro ingrediente contribuiu para causar alarme. Veio de onde menos se esperava, da boca do ministro da Fazenda, Pedro Malan -que disse haver no mercado "uma ganância infecciosa", "um medo infeccioso" e "uma ignorância".
É comum ser acusado de preconceituoso pelo PT quando se aponta alguma ligação entre a alta do dólar e uma eventual vitória petista. Mas seria um erro também dizer que não há conexão entre uma coisa e outra.
O PT não quer ser pintado como a besta-fera definitiva do capitalismo (até porque não o é). Tudo bem. Ocorre que o mercado financeiro também está longe de ter como razão da sua existência a destruição de candidatos petistas. Só que não é uma entidade filantrópica.
Essa gente está no Brasil para ganhar dinheiro. Se enxergam a hipótese de ter os lucros reduzidos, fogem. É assim em qualquer lugar.
Qual cidadão da classe média brasileira, por exemplo, estaria disposto e com coragem de investir agora num fundo de renda fixa na Argentina? Possivelmente nenhum.
Só haverá calmaria no mercado quando ficar claro o rumo da próxima administração federal. Se Lula vencer, estará nas mãos do PT o controle da situação. O petista vive dizendo que a responsabilidade pela economia é de FHC até o dia 31 de dezembro. Mas caberá ao eleito, seja Lula ou outro candidato, falar com muita rapidez sobre como será o novo governo a partir de janeiro.


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