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A guerra pós-Kyoto
A MUDANÇA climática em
curso contaminou de vez a
agenda política global.
Sintoma disso está na febre de
relatórios alarmantes sobre o tema. Só nesta semana foram dois,
um do Conselho Interacademias, que reúne agremiações
científicas de 15 países, outro do
Programa da ONU sobre Meio
Ambiente (Pnuma). Conclusão
de ambos: o mundo faz muito
pouco para dar conta da escala e
da urgência do problema.
O primeiro documento, "Iluminando o Caminho", reuniu 15
especialistas sob coordenação de
Steven Chu (EUA) e José Goldemberg (Brasil). O segundo,
"Panorama Ambiental Global"
(ou "GEO-4"), 390 estudiosos. O
foco de "Iluminando o Caminho" é a geração de energia. É a
maior fonte dos gases lançados
pelo homem na atmosfera, que já
contribuíram para aquecê-la
quase 1C no século 20 (outros
1,8C a 4C virão até 2100).
O grosso desses gases resulta
da queima de combustíveis fósseis (carvão, petróleo e gás natural) em usinas termelétricas. Para reduzir sua emissão, seria preciso aumentar a eficiência energética, usar fontes mais limpas
(energias renováveis, como solar, eólica e biocombustíveis) e
recapturar os gases produzidos.
Isso depende de tecnologia radicalmente inovadora, e o relatório
propõe um esforço de guerra
nessa direção: no mínimo duplicar o gasto em pesquisa no setor.
Acabrunhante, porém, é a insuficiência de iniciativas existentes, como o Protocolo de Kyoto, diante da inércia dos combustíveis fósseis. As emissões seguem em alta. A fonte de energia
mais suja (carvão) é a que mais
cresce, do Brasil à China.
O segundo período de Kyoto,
pós-2012, entra em discussão em
dezembro. Prevê-se nova guerra
de posições entre países ricos e
pobres sobre cortes obrigatórios
de emissões, quando o que o planeta pede são ações.
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