São Paulo, domingo, 28 de outubro de 2007

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A guerra pós-Kyoto

A MUDANÇA climática em curso contaminou de vez a agenda política global. Sintoma disso está na febre de relatórios alarmantes sobre o tema. Só nesta semana foram dois, um do Conselho Interacademias, que reúne agremiações científicas de 15 países, outro do Programa da ONU sobre Meio Ambiente (Pnuma). Conclusão de ambos: o mundo faz muito pouco para dar conta da escala e da urgência do problema.
O primeiro documento, "Iluminando o Caminho", reuniu 15 especialistas sob coordenação de Steven Chu (EUA) e José Goldemberg (Brasil). O segundo, "Panorama Ambiental Global" (ou "GEO-4"), 390 estudiosos. O foco de "Iluminando o Caminho" é a geração de energia. É a maior fonte dos gases lançados pelo homem na atmosfera, que já contribuíram para aquecê-la quase 1C no século 20 (outros 1,8C a 4C virão até 2100).
O grosso desses gases resulta da queima de combustíveis fósseis (carvão, petróleo e gás natural) em usinas termelétricas. Para reduzir sua emissão, seria preciso aumentar a eficiência energética, usar fontes mais limpas (energias renováveis, como solar, eólica e biocombustíveis) e recapturar os gases produzidos. Isso depende de tecnologia radicalmente inovadora, e o relatório propõe um esforço de guerra nessa direção: no mínimo duplicar o gasto em pesquisa no setor.
Acabrunhante, porém, é a insuficiência de iniciativas existentes, como o Protocolo de Kyoto, diante da inércia dos combustíveis fósseis. As emissões seguem em alta. A fonte de energia mais suja (carvão) é a que mais cresce, do Brasil à China.
O segundo período de Kyoto, pós-2012, entra em discussão em dezembro. Prevê-se nova guerra de posições entre países ricos e pobres sobre cortes obrigatórios de emissões, quando o que o planeta pede são ações.


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