São Paulo, quinta-feira, 28 de novembro de 2002

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SEGURANÇA INTERNA

Depois de meses de negociações, o presidente George W. Bush conseguiu a aprovação do Congresso para criar o Departamento de Segurança Interna (DSI), um megaministério que congregará 22 agências já existentes, 170 mil trabalhadores e orçamentos que somam US$ 40 bilhões. A missão do novo departamento é combater o terrorismo.
A criação do DSI é a maior reorganização de estruturas federais dos EUA desde o nascimento do Departamento de Defesa, em 1947.
A idéia do DSI surgiu e ganhou corpo em junho, quando a Casa Branca enfrentava dificuldades para explicar o fracasso em prevenir os ataques de 11 de setembro, apesar de diversas agências terem captado vários indícios de que algo grande e importante estava para acontecer. É claro que, depois dos atentados, fica fácil encaixar as peças. Antes, as informações disponíveis soavam fragmentadas e pouco confiáveis, e pareciam não fazer muito sentido.
Apesar de a criação do DSI seguir uma lógica e contar com o decidido apoio dos norte-americanos, há dúvidas quanto à sua eficácia. É possível que o próprio gigantismo da nova agência lhe crie dificuldades. Vai ser preciso modificar a cultura e a lealdade de milhares de funcionários. Calcula-se que levará anos antes que o novo departamento esteja funcionando plenamente.
De mais a mais, a CIA (a central de inteligência) e o FBI (a polícia federal), duas das principais agências de combate ao terrorismo dos EUA, vão permanecer independentes e não farão parte do organograma do novo departamento. Uma das falhas apontadas em junho foi justamente a de a CIA e o FBI não compartilharem informações de forma eficiente.
Iniciativas no sentido de integrar e dar consistência ao trabalho das várias agências de segurança dos EUA parecem oportunas. Mas não se deve desprezar o risco de que a maior integração seja na verdade um pretexto para mais controles policiais sobre cidadãos e estrangeiros.


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