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ESCOLAS SEM REDE
A guerrilha burocrática sobre
o direcionamento de recursos
para a conexão de escolas à internet
retarda a integração do sistema educacional brasileiro ao mundo das novas tecnologias de informação.
De um lado, discute-se a modalidade do gasto, se investimento ou custeio. O debate é formal e retira legitimidade do próprio Orçamento da
União. De outro, há quem acuse o
governo de recorrer a conhecidas táticas diversionistas, dificultando o
acesso aos recursos do Fust (Fundo
de Universalização dos Serviços de
Telecomunicações). Em julho do
ano passado, o governo anunciou
um corte extra nos repasses do Orçamento para garantir o ajuste fiscal.
Cerca de metade da verba cujo dispêndio foi suspenso era do Fust.
Como já fez no passado, o governo
estaria novamente sacrificando políticas sociais e setoriais estratégicas
para cumprir as metas com o Fundo
Monetário Internacional. A oposição
acusa a Anatel de considerar como
custeio ou pagamento de prestação
de serviços o que não passa de compra de equipamentos.
Pior. O governo é acusado de subtrair recursos do Fundo. Em proposta do Executivo para transferir a verba
do ano 2001 para 2002, o governo estaria alocando R$ 880 milhões,
quando alguns estimam que o volume arrecadado no ano passado teria
chegado a cerca de R$ 1 bilhão. É urgente esclarecer essa dúvida.
Enquanto isso, fica estagnada a internet escolar, infra-estrutura crucial
para a modernização do ensino brasileiro. Apenas o acesso público e
gratuito pode fazer com que milhões
de jovens de famílias pobres tomem
contato com uma das realidades
mais dinâmicas da globalização.
De um mundo que cada vez mais se
caracteriza pela proliferação de organizações em rede, a escola pública
brasileira está como regra excluída, o
que representa dificuldades adicionais para o combate da vergonhosa
desigualdade social brasileira.
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