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COMÉRCIO DE MÃO ÚNICA
Na guerra permanente em
que se converteu o comércio
internacional nos últimos anos, duas
tendências contrapostas se manifestaram. De um lado, há esforços de
fortalecimento da Organização
Mundial do Comércio. De outro,
uma série de episódios protecionistas e de medidas unilaterais, especialmente entre os países mais ricos.
São duas faces da mesma moeda.
Acentua-se o protecionismo e multiplicam-se as tentativas de superá-lo
por meios legais, num espaço supranacional ainda em construção.
Ainda é difícil antecipar qual das
duas tendências predominará. Uma
generalização de ações na OMC poderia conduzir ao seu descrédito.
Um fato novo, no entanto, pode definitivamente comprometer os projetos de instauração de uma ordem
mais equilibrada no comércio internacional. É o unilateralismo extremo
adotado pelo governo Bush.
O governo dos EUA, que já não se
sensibiliza pelo destino da ONU, dificilmente mostrará entusiasmo por
uma entidade multilateral que ouse
conter um ímpeto igualmente imperialista nas suas relações comerciais
com o resto do mundo.
Um teste concreto será a reação dos
EUA à decisão preliminar da OMC
que julgou ilegais as barreiras tarifárias de até 30% impostas pelo governo Bush ao aço importado. A decisão
final do tribunal de arbitragem será
publicada em um mês. O Brasil é afetado pelo protecionismo no aço.
Disciplinar os EUA parece, hoje, algo impraticável em qualquer campo.
E esse não é o único desafio da OMC.
A instituição fracassou em seus esforços de liberalização do comércio
mundial de produtos agrícolas. Nenhum dos países que a integra cumpriu a promessa de reduzir subsídios
nessa área no prazo acordado, que
acaba de vencer.
A OMC pode ser a próxima vítima
de uma globalização que é sinônimo
de supremacia de uma única nação.
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