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São Paulo, sábado, 29 de março de 2003

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COMÉRCIO DE MÃO ÚNICA

Na guerra permanente em que se converteu o comércio internacional nos últimos anos, duas tendências contrapostas se manifestaram. De um lado, há esforços de fortalecimento da Organização Mundial do Comércio. De outro, uma série de episódios protecionistas e de medidas unilaterais, especialmente entre os países mais ricos.
São duas faces da mesma moeda. Acentua-se o protecionismo e multiplicam-se as tentativas de superá-lo por meios legais, num espaço supranacional ainda em construção.
Ainda é difícil antecipar qual das duas tendências predominará. Uma generalização de ações na OMC poderia conduzir ao seu descrédito.
Um fato novo, no entanto, pode definitivamente comprometer os projetos de instauração de uma ordem mais equilibrada no comércio internacional. É o unilateralismo extremo adotado pelo governo Bush.
O governo dos EUA, que já não se sensibiliza pelo destino da ONU, dificilmente mostrará entusiasmo por uma entidade multilateral que ouse conter um ímpeto igualmente imperialista nas suas relações comerciais com o resto do mundo.
Um teste concreto será a reação dos EUA à decisão preliminar da OMC que julgou ilegais as barreiras tarifárias de até 30% impostas pelo governo Bush ao aço importado. A decisão final do tribunal de arbitragem será publicada em um mês. O Brasil é afetado pelo protecionismo no aço.
Disciplinar os EUA parece, hoje, algo impraticável em qualquer campo. E esse não é o único desafio da OMC.
A instituição fracassou em seus esforços de liberalização do comércio mundial de produtos agrícolas. Nenhum dos países que a integra cumpriu a promessa de reduzir subsídios nessa área no prazo acordado, que acaba de vencer.
A OMC pode ser a próxima vítima de uma globalização que é sinônimo de supremacia de uma única nação.


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