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SOJA E BOM SENSO
A decisão do governo de Luiz
Inácio Lula da Silva de liberar a
comercialização da safra de soja
transgênica ilegalmente cultivada no
Sul do país é um gesto de bom senso.
A alternativa seria a destruição dos
grãos. A medida provisória que autoriza a venda do produto tanto no exterior como no mercado interno toma o cuidado de exigir que a soja geneticamente modificada seja identificada como tal, deixando à população
a decisão final sobre o consumo.
Mas essa deliberação, que é correta, está longe de esgotar o assunto. O
governo precisará, mais cedo ou
mais tarde, posicionar-se definitivamente sobre a soja transgênica e outros produtos polêmicos da biotecnologia. Em termos estritamente
técnicos, a questão é ainda nebulosa.
A ciência não demonstrou plenamente nem a segurança nem os riscos desses produtos, seja para a saúde humana, seja para o ambiente.
O princípio de cautela exigiria que a
liberação de transgênicos fosse retardada até que a segurança estivesse
provada, mas, no sentido forte da lógica, isso jamais ocorrerá, pois é impossível demonstrar que uma causa
não gera um efeito inesperado qualquer. Não é um despropósito apostar que transgênicos são razoavelmente seguros. A população dos
EUA, por exemplo, consome esses
produtos já há anos sem que tenham
sido detectados problemas graves
para a saúde ou o ambiente.
De toda forma, é perfeitamente
compreensível que algumas pessoas
não queiram consumir transgênicos. É um direito que lhes assiste. O
problema é facilmente contornável
com a rotulagem obrigatória.
Já a idéia de que a soja não-transgênica pode ser economicamente mais
atraente para o Brasil deve ser considerada. Um país vasto como o nosso
pode dar-se ao luxo de cultivar os
dois produtos, atestando a origem
não-transgênica para os compradores que assim preferirem.
A indefinição é que é nefasta.
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