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CLÓVIS ROSSI
É terrorismo
SÃO PAULO - Como chamar o bombardeio de um mercado, obviamente
frequentado por civis, em qualquer
cidade do mundo, se não de um ato
de terrorismo?
Por que então o pudor que a maior
parte do mundo tem em classificar
como atos de terrorismos não um
mais dois ataques a mercados iraquianos praticados nesta semana pelos Estados Unidos?
Claro que deve haver mais de uma
resposta. Mas talvez a preferida seja
esta: é de fato difícil admitir que um
país como os EUA, democrático, respeitador das liberdades civis e dos direitos humanos, seja capaz de ações
tão selvagens.
É verdade que, em inúmeras ocasiões, os Estados Unidos violaram a
democracia, os direitos humanos e as
liberdades civis em outros países em
nome do combate ao comunismo.
Ainda assim houve e há gente disposta a perdoar, aceitando o discutível pressuposto de que é possível matar a liberdade para evitar que outros
a assassinem.
Suponho que, mesmo agora, haverá um ou outro maluco capaz de
achar que, para "libertar" os iraquianos de Saddam Hussein, vale libertá-los de todos os outros problemas terrenos e mandá-los diretamente ao
túmulo (se todos os pedaços de todos
os mortos forem de fato recuperados,
o que é pouco provável).
Não adianta o Pentágono alegar
que a culpa de civis estarem morrendo em cachos é do ditador iraquiano
por, supostamente, ter colocado tropas no meio dos civis. Primeiro, porque os jornalistas ocidentais não
acharam evidências de que, nos dois
mercados já atingidos, houvesse de
fato um alvo militar por perto.
Segundo, porque, mesmo que seja
assim, o que se espera de uma democracia é que NÃO se comporte como
uma ditadura impiedosa o faz.
Está, pois, na hora de chamar as
coisas pelo nome: os ataques a civis
não são "danos colaterais", mas atos
de terrorismo.
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