São Paulo, segunda-feira, 29 de abril de 2002

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EDITORIAIS

EUROPA LATINA

A União Européia celebra nos próximos dias 17 e 18 de maio a 2ª cúpula de chefes de Estado da UE e da América Latina e do Caribe. Como passo preliminar nessa aproximação, as duas regiões lançaram no sábado o programa Aliança para a Sociedade da Informação (Alis), voltado para o fomento de projetos de aplicação avançada de tecnologias de informação e comunicação.
A diplomacia brasileira, assim, dá passos na sua estratégia de tornar-se um "global trader" (ator cujo comércio exterior é o mais diversificado possível), investindo recursos e delineando estratégias de aproximação com a União Européia. Dada a voracidade com que os Estados Unidos sob Bush têm buscado alcançar seus objetivos -seja no comércio, seja na geopolítica-, a multiplicação de parceiros é uma estratégia óbvia para países como o Brasil.
A participação brasileira num programa como o Alis - setor em que predominam os produtos americanos e as políticas de Washington- é importante para o aprofundamento dessa estratégia.
Ademais, estão em jogo questões cruciais em termos de tecnologia. Entre elas, destaca-se a escolha, pelo governo brasileiro, do padrão para a futura televisão digital interativa, terreno de acirrada disputa entre os modelos japonês, europeu e norte-americano. Os europeus fizeram uma aposta tecnológica crucial. Para eles, o futuro das tecnologias de informação e comunicação será dominado não pelos computadores, mas por televisores digitais e dispositivos móveis interativos, como o telefone celular de terceira geração.
Ao anunciar um programa de cooperação nessa área, os europeus certamente buscam ampliar as fronteiras econômicas de seu próprio modelo tecnológico e de negócios. Cabe aos latino-americanos fazer o melhor uso estratégico possível da competição entre as grandes potências industriais e financeiras.


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