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VINICIUS TORRES FREIRE
O PT que não diz não a Maluf
SÃO PAULO - Um clichê tedioso da política é o caso do partido que assume o poder e renega parte do que dizia e pregava na oposição. Em maior
ou menor grau, acontece com todos
os partidos. Não é diferente com o PT
de Marta Suplicy. Dito isto, sublinhe-se que o PT continua sendo das legendas mais orgânicas do país.
Mas o petismo no poder causa um
pouco mais de derrisão ou sarcasmo
devido ao seu costume de arrogar-se
pureza. Por causa de sua militância
descabelada, que quer submeter a
ação política a mandamentos religiosos, o que chama de "ética". Por último, mas não menos importante, porque o PT atiça a gana reacionária
brasileira, que é descomunal.
O PT paulistano vem amaciando o
jogo contra Paulo Maluf. A prefeita
Suplicy negou dinheiro para um advogado investigar Maluf no exterior.
Os vereadores petistas não votaram
as contas de Maluf prefeito, o que poderia torná-lo inelegível (por que o
PT quereria Maluf na eleição? Para
Geraldo Alckmin não levar a eleição
paulista no primeiro turno?).
As contas de Maluf foram aprovadas com ressalva pelo Tribunal de
Contas, pois não aplicou dinheiro em
educação tal como mandaria a lei. A
ressalva é mais ou menos a mesma
que caberia para as contas de Celso
Pitta e, ora viva, serviria para o Orçamento de Suplicy.
Marta Suplicy diz que CPIs demais
"tumultuam" a Câmara, mesma crítica que o tucanato fazia ao PT no
Congresso. O governo Suplicy negocia cargos por apoio político, o que o
PT sempre chamou de fisiologia. O
PT botou para fora um vereador que
votou uma vez contra a linha do partido, um excesso autoritário.
Muitas dessas polêmicas são vulgares (mas e o caso do Maluf, hein?). Espera-se ao menos que o presente ridículo do PT paulistano seja profilático. Que o PT deixe de moralismos suburbanos e se dê ao respeito que deve
ter o primeiro partido social-democrata de verdade que pode assumir o
poder no Brasil.
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