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São Paulo, terça-feira, 29 de abril de 2003

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ELEIÇÃO PARAGUAIA

É difícil a situação do Paraguai. A eleição de Nicanor Duarte Frutos para a Presidência até que representa uma modernização. Assumirá o governo em agosto sem a forte impopularidade que imobiliza o atual governante, Luis González Macchi, que quase foi deposto num processo de impeachment.
Ainda assim, Duarte herdará inúmeros problemas, muitos deles crônicos, outros agudos. Entre os que assolam o Paraguai já há décadas está a própria estrutura de poder do país. Duarte foi eleito pelo Partido Colorado, ao qual pertenceram todos os presidentes desde 1947. Apesar de Duarte representar a ala menos tradicional e corrupta do partido, ele ainda está comprometido com o que se pode chamar de modo "colorado" de fazer política.
Sua candidatura foi apoiada, por exemplo, por vários conhecidos "empresários" da economia subterrânea do Paraguai. Ainda que Duarte afirme que combaterá duramente a corrupção, é preciso reconhecer que as próprias estruturas de poder do país estão comprometidas com a informalidade e a ilicitude.
A situação encontra-se ainda agravada por questões pontuais. A economia paraguaia é extremamente dependente da brasileira e da argentina, que se encontram no momento bastante debilitadas. Para ter uma idéia, a parte da energia produzida em Itaipu que o Paraguai revende para o Brasil corresponde a nada menos do que 25% das receitas orçamentárias do país, cuja evasão fiscal é calculada em incríveis 72%.
Apesar das dificuldades, o Brasil pode e deve ajudar Duarte a romper com os piores vícios da política paraguaia, se esta for de fato a sua intenção. Além de possuir os meios para, sem muitos ônus, dinamizar a economia do país vizinho, o Brasil tem todo interesse em ver um Paraguai forte, que não dependa de meios pouco ortodoxos de fazer política e movimentar a economia.


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