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ELEIÇÃO PARAGUAIA
É difícil a situação do Paraguai. A eleição de Nicanor
Duarte Frutos para a Presidência até
que representa uma modernização.
Assumirá o governo em agosto sem
a forte impopularidade que imobiliza o atual governante, Luis González
Macchi, que quase foi deposto num
processo de impeachment.
Ainda assim, Duarte herdará inúmeros problemas, muitos deles crônicos, outros agudos. Entre os que
assolam o Paraguai já há décadas está a própria estrutura de poder do
país. Duarte foi eleito pelo Partido
Colorado, ao qual pertenceram todos os presidentes desde 1947. Apesar de Duarte representar a ala menos tradicional e corrupta do partido, ele ainda está comprometido
com o que se pode chamar de modo
"colorado" de fazer política.
Sua candidatura foi apoiada, por
exemplo, por vários conhecidos
"empresários" da economia subterrânea do Paraguai. Ainda que Duarte
afirme que combaterá duramente a
corrupção, é preciso reconhecer que
as próprias estruturas de poder do
país estão comprometidas com a informalidade e a ilicitude.
A situação encontra-se ainda agravada por questões pontuais. A economia paraguaia é extremamente
dependente da brasileira e da argentina, que se encontram no momento
bastante debilitadas. Para ter uma
idéia, a parte da energia produzida
em Itaipu que o Paraguai revende para o Brasil corresponde a nada menos do que 25% das receitas orçamentárias do país, cuja evasão fiscal
é calculada em incríveis 72%.
Apesar das dificuldades, o Brasil
pode e deve ajudar Duarte a romper
com os piores vícios da política paraguaia, se esta for de fato a sua intenção. Além de possuir os meios para,
sem muitos ônus, dinamizar a economia do país vizinho, o Brasil tem
todo interesse em ver um Paraguai
forte, que não dependa de meios
pouco ortodoxos de fazer política e
movimentar a economia.
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