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Pequena eficiência
PESQUISA divulgada na semana passada pela Secretaria
da Reforma do Judiciário,
do Ministério da Justiça, fornece
um diagnóstico amplo da situação dos Juizados Especiais Cíveis (JECs). O trabalho foi encomendado ao governo por uma
operadora de telefonia que está
entre os alvos mais recorrentes
dos processos nesses juizados.
Os JECs substituíram os juizados de pequenas causas criados
em 1984. Por lei, esses órgãos são
obrigados a adotar os critérios da
informalidade, da simplicidade e
da brevidade como parâmetros
de atuação, além de privilegiar a
solução de causas mediante
acordos. Esse padrão de conduta
deveria, em tese, torná-los mais
ágeis e acessíveis sobretudo à população mais pobre.
O levantamento conclui que,
apesar do êxito considerável desse modelo, alguns problemas
vêm reduzindo a sua eficácia. O
índice de resoluções por acordo
nessas cortes é muito baixo
(34,5%) e, quando é necessária a
execução da sentença, o processo pode demorar bem mais.
Tais deficiências são, em boa
medida, resultado da grande demanda pelos serviços desses juizados. Apenas contra uma operadora de telefonia, que atua em
São Paulo, são propostas, a cada
dia, cerca de 250 representações.
Para além da procura crescente, problemas de infra-estrutura
e pessoal também comprometem o funcionamento dos juizados. Em geral as instalações são
precárias, falta pessoal qualificado, o atendimento é lento, o sistema é pouco informatizado. Há
casos extremos, como o de um
juiz do Rio de Janeiro que conduz audiências em um cofre do
Banco do Brasil.
Vale a pena investir no aprimoramento dessas pequenas
cortes. É somente por meio delas
que boa parte da população tem
acesso à Justiça, a custos baixos e
muitas vezes sem a necessidade
de constituir advogado.
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