São Paulo, segunda-feira, 29 de maio de 2006

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VINICIUS TORRES FREIRE

O mensalão do PCC

SÃO PAULO - A história do levante homicida do PCC começa a se desvanecer. Transforma-se aos poucos em um desses confusos casos judiciais que amarelecem nas gavetas da burocracia e da politicagem. Talvez voltemos a saber de Marcola e cia. quando descobrirmos o mensalão do PCC. Isso mesmo, deputados levando dinheiro do lobby oficial do crime.
Congresso e Justiça são omissos. Toleram o que pode ser a emergência de bancadas bandidas. O PCC também foi gestado na surdina, tolerado por ao menos oito anos pelos tucanos paulistas, até que em 2001 o bando saiu do casulo verminoso para amotinar 29 presídios.
Estude-se o caso do ex-deputado federal Ronivon Santiago, do PP dos mensaleiros Pedro Corrêa e José Janene. Santiago já esteve em sete partidos. Eleito em 1990 com uns 3.000 votos, apoiou Fernando Collor até o fim. Vendeu seu voto para a emenda da reeleição em 1997. Renunciou para não ser cassado. Comprou votos em 2002, com os quais se reelegeu deputado.
Cassado pelo TRE do Acre, logrou ficar na Câmara até o final de 2005 graças à tolerância do TSE e dos presidentes da Câmara, gente do nível de João Paulo Cunha (mensaleiro, PT) e Severino Cavalcanti (achacador de restaurante, PP). Teve tempo então para se tornar um sanguessuga, pelo que foi preso este ano.
Dezenas de deputados são sanguessugas. Mais de uma dezena foi mensaleira, mas metade da Câmara os absolveu. Essa escória aceita o dinheiro que oferecerem, sem perguntar a origem. Levaram dinheiro de fraude financeira e de malversação de fundos públicos, cortesia do PT e de Marcos Valério. A propina do PCC é até mais fácil de disfarçar.
O Estado está contaminado pelo crime. Não exerce mais a soberania sobre presídios e partes de cidades como São Paulo, Rio, Vitória. Isto é crise institucional. Pode ficar pior.


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