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VINICIUS TORRES FREIRE
O mensalão do PCC
SÃO PAULO - A história do levante homicida do PCC começa a se
desvanecer. Transforma-se aos
poucos em um desses confusos casos judiciais que amarelecem nas
gavetas da burocracia e da politicagem. Talvez voltemos a saber de
Marcola e cia. quando descobrirmos o mensalão do PCC. Isso mesmo, deputados levando dinheiro do
lobby oficial do crime.
Congresso e Justiça são omissos.
Toleram o que pode ser a emergência de bancadas bandidas. O PCC
também foi gestado na surdina, tolerado por ao menos oito anos pelos
tucanos paulistas, até que em 2001
o bando saiu do casulo verminoso
para amotinar 29 presídios.
Estude-se o caso do ex-deputado
federal Ronivon Santiago, do PP
dos mensaleiros Pedro Corrêa e José Janene. Santiago já esteve em sete partidos. Eleito em 1990 com uns
3.000 votos, apoiou Fernando Collor até o fim. Vendeu seu voto para a
emenda da reeleição em 1997. Renunciou para não ser cassado.
Comprou votos em 2002, com os
quais se reelegeu deputado.
Cassado pelo TRE do Acre, logrou ficar na
Câmara até o final de 2005 graças à
tolerância do TSE e dos presidentes
da Câmara, gente do nível de João
Paulo Cunha (mensaleiro, PT) e Severino Cavalcanti (achacador de
restaurante, PP). Teve tempo então
para se tornar um sanguessuga, pelo que foi preso este ano.
Dezenas de deputados são sanguessugas. Mais de uma dezena foi
mensaleira, mas metade da Câmara
os absolveu. Essa escória aceita o
dinheiro que oferecerem, sem perguntar a origem. Levaram dinheiro
de fraude financeira e de malversação de fundos públicos, cortesia do
PT e de Marcos Valério. A propina
do PCC é até mais fácil de disfarçar.
O Estado está contaminado pelo
crime. Não exerce mais a soberania
sobre presídios e partes de cidades
como São Paulo, Rio, Vitória. Isto é
crise institucional. Pode ficar pior.
@ - vinit uol.com.br
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