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CLÓVIS ROSSI
Drogas, Exército e México
MADRI - É uma pena que nem o
público nem as autoridades brasileiras prestem atenção ao que está
ocorrendo no México.
O México vive uma situação que
não é muito diferente da do Brasil.
Resumo dela, extraído de títulos e
subtítulos do jornal espanhol "El
País", que faz bela cobertura da
América Latina: "Os "narcos" [narcotraficantes] desafiam o Estado
mexicano; os sicários ameaçam de
morte por correio eletrônico toda a
Ciudad Juárez [fronteira com os
Estados Unidos]; os confrontos
causam 25 mortos em três dias,
apesar do estado de alerta policial".
Fora números menores ou maiores e dramatismo mais ou menos
intenso, títulos semelhantes poderiam ser publicados pela mídia brasileira em certos momentos.
O que deveria levar pelo menos as
autoridades a dedicar um olhar
mais intenso sobre o quadro mexicano é o seguinte: o presidente Felipe Calderón botou o Exército na
rua para enfrentar o narcotráfico.
Só no Estado de Chihuahua, em que
fica Ciudad Juárez, há 3.000 soldados em ação. No Brasil, aparece e
desaparece de quando em quando a
discussão sobre a entrada do Exército no combate ao crime organizado, sem que se consiga chegar a alguma conclusão.
Quando há alguma ação, como o
envio da Força Nacional ao Rio, os
números são comparativamente irrelevantes.
Uma outra razão para prestar
atenção: segundo um importante
executivo mexicano (cujo nome eu
preservo, porque foi uma conversa
informal e não pedi autorização para citá-lo nominalmente), a entrada
do Exército foi para dar tempo de
"limpar" a polícia, notoriamente
corrupta e ineficiente. Qualquer semelhança com o Brasil seria uma
mera coincidência?
PS - A viagem a Madri se dá para
seminário organizado pela Fundação Carolina, majoritariamente do
governo espanhol, e pela Fundação
Novo Jornalismo Iberoamericano.
crossi@uol.com.br
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