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ELIANE CANTANHÊDE
Ao campo de batalha
WASHINGTON - A partir da percepção de que Hillary Clinton já
era, acabou a brincadeira. A eleição
americana está começando de fato,
e dois esqueletos saem do armário.
Um é o republicano John McCain,
que se fingia de morto enquanto os
democratas se matavam. O outro é
um tabu: o racismo.
Com Hillary versus Barack Obama, não era politicamente correto
manipular o racismo. Mas ele existe, é arraigado e, segundo os experts, será fator importante no confronto homem a homem. McCain
não vai perder a chance.
Os Estados "azuis" são democratas, e os "vermelhos", republicanos.
Na campanha, o que interessa mesmo são os outros, os 12 ou 13 chamados de "battleground" (campo
de batalha), porque podem ir para
um lado ou para outro, dependendo
dos ventos -e de vários outros fatores, como raça.
Brancos de classe média baixa
que disputam empregos com negros, em especial ao sul, votarão em
Obama? E a elite branca eleitora
dos democratas, vai migrar por gravidade de Hillary para ele?
Em conversas ontem de cinco
jornalistas latino-americanos, nos
EUA, a convite do Centro de Imprensa Estrangeira do Departamento de Estado, um professor da
American University, um experiente jornalista de política, um especialista em pesquisa e uma do
Council on Foreign Relations não
tiveram respostas para perguntas
assim. Só têm uma certeza: a de que
não há certezas -e as características pessoais estão sendo decisivas.
Os programas de Hillary e de
Obama ficaram muito parecidos,
até em nichos da ex-primeira dama,
como a saúde. Os eleitores deixaram o papelório de lado para olhar o
(ou a) candidato (a). E enxergaram
em Obama carisma, simpatia e capacidade de ouvir -quando políticos são craques só em falar.
A comparação de Obama com
John Kennedy paira em Washington. A dúvida é se os EUA estão
prontos para um Kennedy negro.
elianec@uol.com.br
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