São Paulo, quinta-feira, 29 de maio de 2008

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ELIANE CANTANHÊDE

Ao campo de batalha

WASHINGTON - A partir da percepção de que Hillary Clinton já era, acabou a brincadeira. A eleição americana está começando de fato, e dois esqueletos saem do armário.
Um é o republicano John McCain, que se fingia de morto enquanto os democratas se matavam. O outro é um tabu: o racismo.
Com Hillary versus Barack Obama, não era politicamente correto manipular o racismo. Mas ele existe, é arraigado e, segundo os experts, será fator importante no confronto homem a homem. McCain não vai perder a chance.
Os Estados "azuis" são democratas, e os "vermelhos", republicanos.
Na campanha, o que interessa mesmo são os outros, os 12 ou 13 chamados de "battleground" (campo de batalha), porque podem ir para um lado ou para outro, dependendo dos ventos -e de vários outros fatores, como raça.
Brancos de classe média baixa que disputam empregos com negros, em especial ao sul, votarão em Obama? E a elite branca eleitora dos democratas, vai migrar por gravidade de Hillary para ele?
Em conversas ontem de cinco jornalistas latino-americanos, nos EUA, a convite do Centro de Imprensa Estrangeira do Departamento de Estado, um professor da American University, um experiente jornalista de política, um especialista em pesquisa e uma do Council on Foreign Relations não tiveram respostas para perguntas assim. Só têm uma certeza: a de que não há certezas -e as características pessoais estão sendo decisivas.
Os programas de Hillary e de Obama ficaram muito parecidos, até em nichos da ex-primeira dama, como a saúde. Os eleitores deixaram o papelório de lado para olhar o (ou a) candidato (a). E enxergaram em Obama carisma, simpatia e capacidade de ouvir -quando políticos são craques só em falar.
A comparação de Obama com John Kennedy paira em Washington. A dúvida é se os EUA estão prontos para um Kennedy negro.


elianec@uol.com.br

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