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DESORDEM URBANA
É um escândalo que o poder
público continue assistindo
inerte ao preocupante avanço da ocupação ilegal de áreas da região metropolitana de São Paulo. Não se trata apenas da situação inaceitável a
que já se chegou nas regiões de mananciais. A expansão selvagem e predatória ocorre em diversos pontos,
notadamente nas periferias.
Reportagem publicada por esta Folha no domingo trouxe o caso do Jardim Paraná, um bairro pobre irregular que há dez anos começou a se formar na região da serra da Cantareira.
Em 1994, eram cerca de 200 famílias.
Hoje, a associação de moradores estima que sejam 3.000. Por que nada
se fez nesse período? A mata é destruída, os cursos d'água transformam-se em esgotos ao ar livre -e a
presença do poder público é nula.
De acordo com o Centro de Estudos da Metrópole do Centro Brasileiro de Análise e Planejamento (CEM-Cebrap), o Jardim Paraná é um
exemplo de como a "fronteira urbana" de São Paulo vem crescendo de
maneira descontrolada em contraste
com o restante da metrópole.
Enquanto na cidade o número de
habitantes veio aumentando a uma
taxa média de 0,9% ao ano de 1991 a
2000, nessas periferias da região metropolitana o ritmo de crescimento
foi de 6,3%. Temos, portanto, duas
cidades: uma, consolidada e estável;
outra, miserável e precária, em anárquica expansão.
É paradoxal, diante desse quadro,
que áreas urbanas já consolidadas,
como bairros da região central, encontrem-se subutilizadas. Seria mais
racional habitá-las a incentivar a ocupação das periferias, para lá levando
projetos de moradia popular que,
ademais, terão que pagar o preço da
infra-estrutura inexistente.
Falta planejamento e falta coordenação. A administração da Grande
São Paulo exige participação das diversas esferas de governo. É preciso
que se avance nas políticas metropolitanas e que se rompa com essa danosa cumplicidade entre o poder público e a desordem urbana.
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