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MAIS CEDO
Não faltará quem classifique como eleitoreiro o aumento de 35,2% na previsão de verbas para combater a dengue em 2002. Mesmo que tenha motivação eleitoral, a
ampliação dos fundos anunciada pelo Ministério da Saúde para enfrentar
a doença é bem-vinda. De janeiro a
julho deste ano, foram oficialmente
computados 673.059 casos. Levando
em conta o fenômeno da subnotificação, é lícito supor que milhões de
brasileiros foram infectados.
E é fundamental redobrar os esforços para conter a epidemia. Ao contrário do que pode parecer, ela não
acabou. Apenas deu uma trégua neste inverno, em que o clima mais seco
e as temperaturas mais baixas dificultam a proliferação do mosquito
Aedes aegypti, o vetor da moléstia.
Mas que ninguém se engane. Ovos
da próxima geração de mosquitos
que propagará a doença já foram estrategicamente depositados pelas fêmeas em superfícies convenientes.
Aguardam apenas o retorno das chuvas e um pouco mais de calor para
eclodir e voltar a infernizar o sistema
imunológico dos brasileiros.
Para agravar o quadro, já são 13 os
Estados em que foi detectada a presença do sorotipo 3 da dengue, além
dos mais clássicos 1 e 2. No ano passado, o tipo 3 só existia no Rio de Janeiro. Infecções recorrentes por sorotipos diferentes predispõem para o
surgimento da forma hemorrágica
da dengue, que pode ser fatal se não
diagnosticada precocemente.
Para quem gosta de previsões catastrofistas, alguns epidemiologistas
acreditam que é apenas uma questão
de tempo até que a febre amarela,
uma moléstia bem mais grave que a
dengue, se reurbanize no Brasil. É
que a febre também tem como vetor
o mosquito Aedes aegypti. Se os focos
do inseto são muitos e há pessoas
não imunizadas vivendo próximas a
eles, basta que alguém infectado seja
picado para a doença se propagar.
Eleitoreiro ou não, o aumento das
verbas antidengue é necessário. Na
verdade, chega com atraso. O próximo verão ainda será dengoso.
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