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ELIANE CANTANHÊDE
Miscelânea
BRASÍLIA - Quando a Folha publicou a reportagem "PT é acusado de
"politizar" comando o BB" (17/8/03),
estava cantando a pedra de que ia
dar rolo. Mais cedo ou mais tarde, o
PT e o Banco do Brasil ainda iriam
ter de se explicar. Deu no que deu.
A dica foi de setores sindicais e do
PPS -que disputa com o PT no
BB-, mas o levantamento, cargo
por cargo, nome por nome, foi na
própria instituição. Das 33 vagas do
comando, 21 haviam sido mudadas:
o presidente, 5 dos 7 vices, 8 dos 15 diretores e 7 dos 10 gerentes gerais.
Resultado: cinco vice presidências
estavam nas mãos do PT, assim como as presidências das poderosas
Previ (fundos de pensão), Cassi (serviço médico) e Fundação BB (projetos na área social). Salvavam-se o
presidente, Cássio Casseb (homem
de mercado), e dois vices remanescentes da gestão anterior, o de Agronegócios e o de Negócios Internacionais. Mas a guinada petista ficou evidente. Assim, não surpreende a participação do banco na compra de
5.000 computadores para o PT e num
show destinado a financiar a nova
sede do partido. O banco deu uma
força comprando R$ 70 mil em ingressos. Além disso, os artistas aguardavam patrocínio da instituição.
Coincidência?
A miscelânea público/privado/partidário é complicada. Ainda mais em
se tratando de uma instituição financeira e com a história, o prestígio
e a extensão do Banco do Brasil. Perdem o governo, o PT e o banco.
Ao cair na boca do povo com o
show do PT e com a história paralela
da espionagem da Kroll (que flagrou
Casseb com ex-companheiros da Telecom Italia em Portugal), o Banco
do Brasil perde muito em imagem. O
encontro pode não ter sido nada demais mesmo, mas ficou a dúvida.
Hoje, a competição entre bancos é
desenfreada. Exemplo: eles só têm
perspectiva de aumentar seus correntistas se a economia gerar a inclusão bancária de milhões de pobres
ou... se roubarem clientes dos concorrentes.
Imagem, pois, é a alma do negócio.
O BB sabe. E o PT de Duda Mendonça sabe melhor do que ninguém.
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