São Paulo, quinta-feira, 29 de julho de 2004

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ELIANE CANTANHÊDE

Miscelânea

BRASÍLIA - Quando a Folha publicou a reportagem "PT é acusado de "politizar" comando o BB" (17/8/03), estava cantando a pedra de que ia dar rolo. Mais cedo ou mais tarde, o PT e o Banco do Brasil ainda iriam ter de se explicar. Deu no que deu.
A dica foi de setores sindicais e do PPS -que disputa com o PT no BB-, mas o levantamento, cargo por cargo, nome por nome, foi na própria instituição. Das 33 vagas do comando, 21 haviam sido mudadas: o presidente, 5 dos 7 vices, 8 dos 15 diretores e 7 dos 10 gerentes gerais.
Resultado: cinco vice presidências estavam nas mãos do PT, assim como as presidências das poderosas Previ (fundos de pensão), Cassi (serviço médico) e Fundação BB (projetos na área social). Salvavam-se o presidente, Cássio Casseb (homem de mercado), e dois vices remanescentes da gestão anterior, o de Agronegócios e o de Negócios Internacionais. Mas a guinada petista ficou evidente. Assim, não surpreende a participação do banco na compra de 5.000 computadores para o PT e num show destinado a financiar a nova sede do partido. O banco deu uma força comprando R$ 70 mil em ingressos. Além disso, os artistas aguardavam patrocínio da instituição. Coincidência?
A miscelânea público/privado/partidário é complicada. Ainda mais em se tratando de uma instituição financeira e com a história, o prestígio e a extensão do Banco do Brasil. Perdem o governo, o PT e o banco.
Ao cair na boca do povo com o show do PT e com a história paralela da espionagem da Kroll (que flagrou Casseb com ex-companheiros da Telecom Italia em Portugal), o Banco do Brasil perde muito em imagem. O encontro pode não ter sido nada demais mesmo, mas ficou a dúvida.
Hoje, a competição entre bancos é desenfreada. Exemplo: eles só têm perspectiva de aumentar seus correntistas se a economia gerar a inclusão bancária de milhões de pobres ou... se roubarem clientes dos concorrentes.
Imagem, pois, é a alma do negócio. O BB sabe. E o PT de Duda Mendonça sabe melhor do que ninguém.


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