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CARLOS HEITOR CONY
Cavaleiros do Apocalipse
RIO DE JANEIRO - O Apocalipse, último livro do Novo Testamento, é uma
obra que há 2.000 anos desafia o conhecimento humano. Revelação do
apóstolo João na ilha de Patmos?
Compilação de diversos apocalipses
que foram transmitidos por relatos
orais ao longo da Ásia Menor?
O fato é que o Apocalipse provoca
há 20 séculos diversas interpretações
escatológicas. E uma das mais conhecidas é a dos quatro cavaleiros -que
trazem as desgraças finais e fatais
que poderão acabar com a humanidade.
Lula, Ciro, Serra e Garotinho não
parecem ter nada de apocalípticos.
São homens comuns, prosaicos, com
defeitos e qualidades, como todos
nós. Mas a insistência com que eles
estão aparecendo na TV, na mídia,
nos outdoors dizendo que "é preciso
acabar com isso e com aquilo" tem
um bafio estranho, que cheira a final
dos tempos.
Até outubro, teremos os quatro nos
quatro cantos de nosso cotidiano e, se
é verdade que eles não nos trazem a
fome, a guerra, a peste e a morte, como os cavaleiros do Apocalipse, a frequência de suas aparições tem alguma coisa de sinistro.
Não vem ao caso o que eles prometem. No fundo, todas as promessas
que estão sendo feitas pretendem
mudar para melhor a nossa realidade, essa sim, bastante apocalíptica.
Durante a Segunda Guerra Mundial, descobriu-se que o Apocalipse
previa uma Besta, cujo número era
666 e que acabaria com o mundo. Foram feitos cálculos complicadíssimos
e descobriram que Hitler seria a Besta do Apocalipse. Séculos antes, Nero
também foi considerado a mesmíssima Besta.
Não sei como foram feitos esses cálculos. Mas, se juntarmos Lula, Ciro,
Serra e Garotinho, certamente teremos não a Besta, mas alguma coisa
parecida com os quatro cavaleiros
que espalham tanta confusão sobre
todos nós.
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