|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
FERNANDO RODRIGUES
As pesquisas
BRASÍLIA - Nunca uma campanha eleitoral no Brasil teve tantas pesquisas de opinião à disposição dos eleitores. Em 2000, nesta época, havia levantamentos sobre 120 cidades. Hoje,
147 municípios estão pesquisados
-uma cobertura de aproximadamente 45% do eleitorado do país.
Parte dos levantamentos é um lixo.
Há um caso em que a margem de erro é de pornográficos 6,92 pontos percentuais. Ainda assim, é uma boa notícia para o país que mais e mais pesquisas sejam realizadas. O eleitor
tem o direito de conhecer a opinião
da sua comunidade a respeito dos
candidatos a prefeito.
O problema está em discernir a pesquisa séria da que não presta. Para
sorte dos eleitores, neste ano, o TSE
melhorou sua resolução que obriga
os meios de comunicação a divulgar
a metodologia completa dos levantamentos de opinião eleitoral.
O leitor da Folha já estava acostumado. Desde sempre o Datafolha informa minuciosamente o número de
pessoas entrevistadas, a data do levantamento e a margem de erro.
Agora, os telejornais também ficaram obrigados a gastar alguns minutos explicando que dois candidatos
estão tecnicamente empatados quando a distância entre seus percentuais
está dentro da margem de erro do levantamento. É uma transparência
bem-vinda no processo eleitoral.
Foi uma decisão corajosa do TSE.
Teria sido mais fácil sucumbir à pressão do CCP (comando de caça às pesquisas), integrado por políticos mesozóicos que preferem simplesmente
proibir os levantamentos. Para essa
turma, como diria o ministro Luiz
Gushiken, a liberdade de pesquisar
também é relativa.
Ocorre que a divulgação ostensiva
das margens de erro provocou um
efeito colateral indesejado. Por exemplo, a interpretação de que as pesquisas nunca estiveram tão disparatadas. É uma conclusão errada. As pesquisas nunca estiveram tão transparentes -mas não necessariamente
mais ou menos precisas. Só falta, agora, os políticos defenderem a não-divulgação da margem de erro.
Texto Anterior: São Paulo - Clóvis Rossi: Coisas pequenas Próximo Texto: Rio de Janeiro - Carlos Heitor Cony: Eu e a brisa Índice
|