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APOIO AO ESTUDANTE
Pesquisa realizada pelo Observatório Universitário da Universidade Cândido Mendes, no Rio
de Janeiro, chama a atenção para
uma importante lacuna no Programa Universidade para Todos (Prouni). Como se sabe, o projeto do governo federal institui uma contrapartida em bolsas de estudo para as
isenções fiscais e previdenciárias de
que gozam as instituições filantrópicas de ensino. O programa também
pretende estender isenções a instituições não-filantrópicas, visando a
ampliar a oferta de bolsas e a minimizar distorções existentes no mercado da educação privada.
O estudo mostra que o Prouni, apesar de possuir méritos, pode ter eficácia bastante limitada. Segundo as
regras do programa, as bolsas integrais destinam-se apenas a alunos
oriundos de famílias com renda média mensal per capita inferior a 1,5
salário mínimo. As bolsas parciais
beneficiam aqueles cujos rendimentos superam essa faixa, mas ficam
abaixo de três salários.
Utilizando dados da Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio) de 2002, os pesquisadores traçaram o perfil socioeconômico dos estudantes que se enquadram nesse
corte de renda e constataram que
35% deles vivem em situação de "elevada vulnerabilidade social". São jovens cujas famílias empenham mais
de 40% de seus ganhos em aluguel e
que habitam domicílios precários,
sem acesso a serviços públicos essenciais, como água, esgoto e coleta
de lixo. Nessas condições, é difícil esperar que um estudante reúna condições para completar seu curso.
O problema é semelhante ao que
afeta os alunos carentes beneficiados
pelo sistema de cotas em universidades públicas. Para contorná-lo é indispensável que o governo federal organize, como prometeu, fundos que
ofereçam recursos para os bolsistas
concluírem os estudos. Para ser eficaz, uma política de inclusão de setores de baixa renda no ensino superior
não pode ficar restrita à mera concessão de vagas na rede privada.
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