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REVIRAVOLTA NA UCRÂNIA
A vitória de Viktor Yushchenko na segunda edição do segundo turno da eleição presidencial
da Ucrânia representa um triunfo da
democracia, mas também o início de
um período difícil para esse país que
ainda não definiu se faz parte da Europa influenciada pela União Européia (UE) ou da porção da Ásia que
gravita em torno da Rússia.
É bastante positivo o fato de os
ucranianos terem conseguido, por
meio de pressão popular, reverter a
histórica fraude tentada pelo candidato governista Viktor Yanukovich
na primeira versão do segundo turno, disputada no final de novembro.
Mais importante, fizeram-no pacificamente e através de suas próprias
instituições. A Suprema Corte ucraniana reconheceu a burla e determinou a realização de um novo segundo turno, levado a cabo no domingo.
Os acontecimentos deixaram, todavia, feridas profundas, que precisarão ser reparadas por Yushchenko.
Já de início, ele será compelido a unir
minimamente o país. Pouco mais de
40% da população votou em Yanukovich. Em sua maioria, foram habitantes das regiões mais ricas, onde se
fala o russo, e não o ucraniano. São
setores que desconfiam da idéia de
aproximar-se da UE e sentem-se
mais à vontade sob a égide da Rússia.
Na frente externa, Yushchenko terá
de encontrar ao menos um "modus
vivendi" com o presidente russo, Vladimir Putin, que atuara pesadamente
em favor da eleição do candidato ora
derrotado -cuja "vitória" anterior
reconheceu sem demora.
Yushchenko não pode simplesmente voltar as costas para o Kremlin. Além dos vínculos históricos do
país com a Rússia, a economia ucraniana é dependente de Moscou. Uma
política de aproximação com o Ocidente, portanto, precisaria ser gradualista e cautelosa com os russos.
O futuro presidente ao menos parece ter consciência das dificuldades
que enfrentará. Já anunciou que sua
primeira visita após a eleição será a
Moscou, onde tentará contornar o
mal-estar gerado por seu triunfo.
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