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São Paulo, quinta-feira, 30 de janeiro de 2003

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ELEIÇÃO MELANCÓLICA

As eleições legislativas de anteontem em Israel tiveram o mais alto nível de abstenção da história do país: 32% dos 3,2 milhões de eleitores não compareceram às urnas, o que é estranho para um país altamente politizado como Israel.
O recorde traduz o espírito com que os israelenses votaram: desinteresse e até alguma melancolia. Sob essa luz se deve ler o resultado: uma histórica vitória do Likud, o partido do primeiro-ministro, Ariel Sharon.
Fica a sensação de que o eleitor israelense já não acredita em soluções. Vota em Sharon por julgar que é o candidato mais capaz de fazer frente aos atentados terroristas palestinos, ampliados depois do fracasso das negociações de paz em 2000, mas não espera que ele resolva o conflito.
O debate ideológico, que sempre foi bastante intenso em Israel, quase desapareceu. A campanha foi marcada por denúncias de corrupção envolvendo a família de Sharon. Mesmo com um escândalo potencialmente explosivo contra o Likud, o Partido Trabalhista (centro-esquerda) não foi capaz de evitar a pior derrota de sua história. Viu sua representação no Knesset (Parlamento) reduzir-se de 26 para 19 cadeiras.
Paradoxalmente, os derrotados trabalhistas deverão ser cortejados por Sharon na formação do novo governo. O premiê teme tornar-se refém dos pequenos partidos de extrema direita e religiosos. Porém Amram Mitzna, o líder trabalhista, já excluiu participar de um novo governo de união nacional. Afirma que seu partido precisa passar algum tempo na oposição para credenciar-se como alternativa ao Likud. Resta saber se todos os trabalhistas pensam como seu líder ou se o partido vai rachar.
Só o que é certo é que os israelenses, por ora, rejeitaram voltar à mesa de negociações com os palestinos, o que é muito ruim para os que ainda acreditam na paz no Oriente Médio.


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