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São Paulo, quinta-feira, 30 de janeiro de 2003

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CLÓVIS ROSSI

A "Quarta Via"

BRUXELAS - Bem feitas as contas, a razão básica do sucesso que Luiz Inácio Lula da Silva alcançou na sua primeira incursão ao "grand monde" europeu/financeiro foi a mesma que rendeu aplausos a Fernando Henrique Cardoso na sua época.
No caso de Lula, pode ser simplificada na expressão: tudo pelo social, menos romper o molde da ortodoxia econômico-financeira.
É dessa forma que se decompõe a expressão "socialista maduro" aplicada a Lula por Horst Köhler, diretor-gerente do FMI (Fundo Monetário Internacional).
"Socialista", por usar a antiga retórica petista em favor dos pobres e contra a fome, no Brasil e no mundo. "Maduro", por pretender atingir a meta "socialista" usando "prudência fiscal", para continuar com as palavras de Köhler.
É possível? O diretor do Fundo tem certeza de que, sim, é possível. O contrário é que é inviável, diz.
Mas o sucesso de Lula se deve também ao fato de que seu "socialismo maduro" é posto sob intensos holofotes no momento em que há uma crise de modelos no planeta.
Fora meia dúzia de perfeitos idiotas neoliberais, ninguém mais acredita no tal "Consenso de Washington" ou neoliberalismo.
Ou se mostrou insuficiente, para os moderados, ou um total fracasso, para os críticos mais agudos.
Como o modelo contraposto (comunismo, socialismo real, como se queira chamar) também fracassou -e mais estrepitosamente ainda-, há uma razoável dose de perplexidade, como ficou claro nos debates do Fórum de Davos, neste ano como em anos anteriores.
Se, de repente, lá nos confins do planeta aparecer um sujeito capaz de acabar com a fome sem romper o acordo do governo anterior com o FMI, será a salvação da lavoura, o novo ovo de Colombo.
A tentativa de ser um social-democrata amigo do mercado chegou a ser batizada de "Terceira Via". Caiu em desuso. É a vez da "Quarta Via"?


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