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ABRIL VERMELHO
O agitador-mor do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra, João Pedro Stedile,
voltou à cena para prometer que abril
será um "mês vermelho" e que os
movimentos sociais irão "infernizar" o país. O timoneiro da baderna
rural e seus seguidores já começaram a ensaiar o espetáculo de desrespeito às leis com que ameaçam a sociedade no mês vindouro. Apenas no
fim de semana passado, dez propriedades rurais foram invadidas.
Não há dúvida de que a reforma
agrária tem um papel a cumprir na
geração de emprego e renda no campo. Todavia, para que isso ocorra, é
necessário que haja planejamento,
recursos e vontade política -três ingredientes que têm faltado ao governo Luiz Inácio Lula da Silva.
É preciso também repensar o modelo de reforma agrária -se é que há
algum- de modo a tornar a agricultura familiar compatível com a expansão do agronegócio, que vem
protagonizando uma verdadeira revolução produtiva no campo. Infelizmente, os compromissos da administração petista com a anunciada
"reforma agrária do século 21" ainda
não saíram da retórica.
Se a inoperância do governo acaba
por incentivar novas mobilizações,
isso não justifica que a liderança dos
Sem Terra continue a afrontar a legalidade. Por mais fantasioso e improvável que possa parecer, Stedile tem
como objetivo maior promover uma
revolução socialista a partir dos conflitos que se verificam na área rural
do país. Sendo assim, não hesita em
instrumentalizar miseráveis para
criar fatos políticos, semear tensões e
gerar um ambiente de radicalização
entre os sem-terra e os ruralistas.
Ao governo Lula não há outra alternativa senão cumprir seu dever em
duas frentes. É indispensável que as
promessas comecem a se transformar em fatos, com a implementação
de políticas realistas e eficazes, e que
ao mesmo tempo a ordem pública
seja mantida sem tergiversações e
falsas justificativas.
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