São Paulo, terça-feira, 30 de março de 2004

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ABRIL VERMELHO

O agitador-mor do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra, João Pedro Stedile, voltou à cena para prometer que abril será um "mês vermelho" e que os movimentos sociais irão "infernizar" o país. O timoneiro da baderna rural e seus seguidores já começaram a ensaiar o espetáculo de desrespeito às leis com que ameaçam a sociedade no mês vindouro. Apenas no fim de semana passado, dez propriedades rurais foram invadidas.
Não há dúvida de que a reforma agrária tem um papel a cumprir na geração de emprego e renda no campo. Todavia, para que isso ocorra, é necessário que haja planejamento, recursos e vontade política -três ingredientes que têm faltado ao governo Luiz Inácio Lula da Silva.
É preciso também repensar o modelo de reforma agrária -se é que há algum- de modo a tornar a agricultura familiar compatível com a expansão do agronegócio, que vem protagonizando uma verdadeira revolução produtiva no campo. Infelizmente, os compromissos da administração petista com a anunciada "reforma agrária do século 21" ainda não saíram da retórica.
Se a inoperância do governo acaba por incentivar novas mobilizações, isso não justifica que a liderança dos Sem Terra continue a afrontar a legalidade. Por mais fantasioso e improvável que possa parecer, Stedile tem como objetivo maior promover uma revolução socialista a partir dos conflitos que se verificam na área rural do país. Sendo assim, não hesita em instrumentalizar miseráveis para criar fatos políticos, semear tensões e gerar um ambiente de radicalização entre os sem-terra e os ruralistas.
Ao governo Lula não há outra alternativa senão cumprir seu dever em duas frentes. É indispensável que as promessas comecem a se transformar em fatos, com a implementação de políticas realistas e eficazes, e que ao mesmo tempo a ordem pública seja mantida sem tergiversações e falsas justificativas.


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