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DERROTA DE CHIRAC
Foi estrondosa a derrota do
presidente Jacques Chirac nas
eleições regionais francesas. A aliança de socialistas, comunistas e verdes
venceu em 25 das 26 Regiões (o equivalente dos Estados brasileiros) do
país. A única exceção é a Alsácia, que
segue nas mãos dos conservadores.
Embora não se possa negar aos socialistas méritos pela vitória, o principal responsável por tão veemente
resultado é o próprio governo, que
tenta aprovar uma série de medidas
impopulares, cortando aposentadorias e outros benefícios do sistema de
bem-estar social francês, inclusive
na educação e na saúde. As reformas
propostas por Chirac e seu premiê,
Jean-Pierre Raffarin, guardam muitas semelhanças com aquelas apresentadas pelo chanceler Gerhard
Schröder, da Alemanha. A diferença
é que Chirac é um representante da
direita republicana, enquanto Schröder é social-democrata.
O descontentamento dos franceses
foi claramente expresso. O que não
está claro é o que Chirac vai fazer. Em
princípio, ele pode considerar que o
pleito limita-se à realidade das Regiões. Politicamente, contudo, a situação de Raffarin tende a tornar-se insustentável. A dúvida é se Chirac
vai demiti-lo já ou se pretende esperar a aprovação do restante das reformas, de modo a poupar de desgastes o próximo premiê.
O certo é que o governo Chirac sai
enfraquecido das urnas, o que reacende as esperanças de socialistas de
retomar o poder em 2007, depois da
humilhante derrota de 2002, quando
seu candidato, o então premiê Lionel
Jospin, nem sequer foi ao segundo
turno, ficando atrás do líder da extrema direita, Jean-Marie Le Pen.
A questão central que deverá definir
as próximas eleições em países tão
importantes como a França e a Alemanha é justamente a do ritmo das
reformas que devem ser feitas no sistema de bem-estar social. Não há
muitas dúvidas de que é necessário
adequar os gastos do Estado às mudanças no perfil demográfico da população, que vai envelhecendo. Como isso deve ser feito e com qual intensidade é a grande incógnita.
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