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JOSÉ SARNEY
Carecas e sexo
OS ESTADISTAS de hoje têm
uma função a mais: tratar de
dar conselhos de saúde, avaliação de antioxidantes celulares,
cuidar de hormônios em bois e
frangos, higiene corporal e frequência sexual.
A primeira vez em que me surpreendi com o fato foi quando vi o
presidente Chávez, da Venezuela,
misturar traição à pátria com banho. Os venezuelanos tinham que
tomar banho em três minutos: o
primeiro para água e sabão, o segundo para esfregamento e enxaguamento, o terceiro para tirar a
água e enxugar-se. Mais do que isso
era trair a pátria e o socialismo bolivariano, pois consumia energia
elétrica. Se a água era fria, mesmo
procedimento, para não roubar o
tempo ao trabalho nacional.
Depois, seguindo o seu exemplo,
o nosso Evo Morales, presidente da
Bolívia, por quem tenho simpatia
pessoal pelo que representa de sua
etnia, promoveu a 1ª Conferência
Mundial dos Povos sobre as Mudanças Climáticas e a Mãe Terra,
em Tiquipaya, perto de Cochabamba, evento em que fixaria a posição
socialista nas questões ambientais.
Lá, o presidente da Bolívia começou a dissertar sobre como o capitalismo está destruindo o homem.
Como exemplo, recomendou que
ninguém coma carne de frango,
porque o frango que comemos está
carregado de hormônio e isso faz
com que "os homens tenham desvios de serem homens". Por isso
tantos homossexuais.
Falou, também, dos carecas, esquecendo a modinha brasileira que
é deles "que elas gostam mais".
Disse mais: que a Europa tem muitos carecas porque "comem coisas
comercializadas pelo mundo capitalista". A homossexualidade e os
sem cabelos são culpa dos transgênicos, vasilhames de plásticos e batatas holandesas, que entraram na
história como Pilatos no Credo.
Muitos dos presentes, alguns deles vindos de outras partes do
mundo e querendo prestigiar o
evento, começaram a rir e sair.
Conjugando todas suas teorias, terminou sua fala com o refrão: "Planeta ou morte, Mãe Terra ou capitalismo". O frei Boff, um dos conferencistas presentes, ouviu as excêntricas interpretações.
Nos juntamos a essa nova estrada do socialismo bolivariano, sem
ser parte dele, com o nosso simpático ministro Temporão, bom profissional, excelente formação médica, nos dando a dica de como
combater a hipertensão, preveni-la
e afastá-la. Basta dançar, praticar
exercícios físicos e fazer o que entusiasmou o auditório: sexo cinco
vezes por dia, ou por semana, sem
tratar, por ser assunto sensível, da
sedução e tudo o mais que exige o
amor. Mas também sintetizou:
"Prevenir a hipertensão só depende de você".
E eu, que sou hipertenso, com 80
anos, vou procurá-lo para que o
Ministério da Saúde distribua o
remédio.
jose-sarney@uol.com.br
JOSÉ SARNEY escreve às sextas-feiras
nesta coluna.
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