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VALDO CRUZ
Empurrando com a barriga
BRASÍLIA - Após a queda de José Serra nas pesquisas eleitorais, seus aliados passaram a defender uma participação mais efetiva do presidente
Fernando Henrique Cardoso e de sua
equipe na campanha presidencial do
tucano. Alguns cobram explicitamente redução nos juros.
Apesar das pressões dos serristas,
até aqui FHC tem atuado ativamente pelo senador. Primeiro, trabalhou
para que ele fosse o candidato tucano
à sua sucessão.
Depois, o presidente interferiu mais
de uma vez na campanha de Serra
para corrigir erros que poderiam fazer a candidatura naufragar. Impôs
o nome do marqueteiro Nizan Guanaes e mandou Serra brigar menos
com o PMDB na escolha de seu vice.
Ou seja, nos bastidores, FHC tem tido uma atuação, diríamos, efetiva
nos rumos da campanha serrista. O
que mais ele poderia fazer?
Subir em palanques ao lado de Serra, por enquanto, é proibido. Quando
puder, pelo visto vai estar lá. Usar o
Palácio do Planalto para divulgar ostensivamente o nome do amigo não
seria muito defensável.
Na verdade, a ajuda que os serristas
mais gostariam de ter, pelo visto, não
terão: algumas medidas que reduzissem a safra de notícias ruins na economia, como desemprego em alta e
cheiro de recessão no ar.
FHC e sua equipe praticamente esgotaram seu arsenal para tentar mudar de forma significativa os rumos
da economia até o final do ano. Restou uma política defensiva, que tentará evitar a alta da inflação.
Ficou inviável, por exemplo, uma
redução brusca nas taxas de juros.
Talvez venha uma quedazinha, pequenininha, mas ela não terá grande
impacto no mundo real.
Dinheiro para gastar à vontade
também não há. O que tem em caixa,
em sua maior parte, o governo pode
ser obrigado a usar para reduzir o
nervosismo dos mercados.
FHC e Malan vão, de fato, empurrar as coisas com a barriga até o final
do ano no lado econômico. Não vão
arriscar-se, de forma alguma, a perder o registro na história de que controlaram a inflação.
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