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São Paulo, sexta-feira, 30 de maio de 2003

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MARTA SALOMON

O fundo do poço

BRASÍLIA - Fosse a economia uma ciência exata, os economistas poderiam dizer quando bateremos no fundo do poço, quando acontecerá a virada rumo ao crescimento com que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva acenou mais uma vez ontem.
O pessoal do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) até recorreu a uma "formulinha" para saber se a taxa de desemprego já estava "consistente" com uma inflação sob controle. Até a última vez que aplicou a chamada Nairu (do inglês non-accelerating inflation rate of unemployment), no mês passado, ainda faltavam alguns milhares de desempregados para segurar os preços.
Mas o exercício, além de cheirar à crueldade de economistas sádicos, deve ser visto com cuidado. E é nesse mundo dado a incertezas que moram as previsões para o crescimento da economia em 2004. Ontem, depois da divulgação dos dados do IBGE, ouvia-se de tudo.
Uns têm certeza de que estão rifados os 3,5% de crescimento do PIB que o governo Lula prevê para seu segundo ano de mandato tanto no projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias, a LDO, como nas elucubrações sobre a chamada "fase dois".
Os argumentos são fortes: 1) o impacto das duas altas seguidas de juros no governo Lula nem chegou à economia real; 2) os investidores nacionais não se animam a investir com os juros nas alturas; 3) os investimentos estrangeiros produtivos em 2004 serão decididos até setembro e outubro, e o tempo pode ser curto para a "virada" (se vier) aparecer.
Já o Ipea, que estimava crescimento de 2,8% no próximo ano, acha que ainda há espaço para a economia crescer mais se os juros caírem rapidamente. Vai dizer isso na semana que vem em boletim de conjuntura.
Se as fórmulas funcionassem 100%, nem precisaria haver um Comitê de Política Monetária no Banco Central para fixar os juros. Bastaria apelar para um computador totalmente a salvo de pressões e esperar a resposta: quando?


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