São Paulo, quarta-feira, 30 de junho de 2004

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CRISE UNIVERSITÁRIA

A greve de funcionários e professores das universidades estaduais de São Paulo é apenas um aspecto da grave crise por que passam essas instituições. É de acreditar que reivindicações salariais que motivam a paralisação das atividades dos servidores -que parecem justas- dificilmente serão atendidas.
Embora os grevistas, que inicialmente pleiteavam um aumento de 16% dos salários, tenham reduzido o valor do reajuste pretendido para 9,41%, a explicação do Conselho dos Reitores das Universidades Estaduais de São Paulo (Cruesp) -segundo a qual a causa da crise seria a queda na arrecadação de ICMS (Imposto sobre a Circulação de Mercadorias e Serviços)- mostra que há poucas chances reais de acordo. Além disso, grande parte do orçamento universitário já estaria comprometida com o pagamento de salários. Só no caso da Unicamp, por exemplo, 94,2% dos recursos são destinados à folha salarial.
A situação dessas instituições é paradoxal. Apesar de cumprirem com notória excelência o papel de transmitir conhecimento, realizar pesquisa científica inovadora e de qualidade -além de formar novas gerações de pesquisadores e cientistas-, a carência de recursos vem obrigando USP, Unicamp e Unesp a adiar a abertura de novos cursos, dificultando a realização de contratações e impedindo novos investimentos.
O problema não diz respeito apenas às universidades estaduais paulistas, mas ao ensino público superior no país. O papel das universidades públicas na produção e na difusão do conhecimento é fundamental e precisa ser preservado. Isso exige que novas fontes de recursos sejam criadas. E esse desafio não pode mais ser adiado. Cabe à comunidade acadêmica e ao poder público avançar no debate sobre a reforma universitária e encaminhar soluções, sem o que fica ameaçado um patrimônio de valor inestimável para o país.


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