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CRISE UNIVERSITÁRIA
A greve de funcionários e professores das universidades estaduais de São Paulo é apenas um aspecto da grave crise por que passam
essas instituições. É de acreditar que
reivindicações salariais que motivam
a paralisação das atividades dos servidores -que parecem justas- dificilmente serão atendidas.
Embora os grevistas, que inicialmente pleiteavam um aumento de
16% dos salários, tenham reduzido o
valor do reajuste pretendido para
9,41%, a explicação do Conselho dos
Reitores das Universidades Estaduais de São Paulo (Cruesp) -segundo a qual a causa da crise seria a
queda na arrecadação de ICMS (Imposto sobre a Circulação de Mercadorias e Serviços)- mostra que há
poucas chances reais de acordo.
Além disso, grande parte do orçamento universitário já estaria comprometida com o pagamento de salários. Só no caso da Unicamp, por
exemplo, 94,2% dos recursos são
destinados à folha salarial.
A situação dessas instituições é paradoxal. Apesar de cumprirem com
notória excelência o papel de transmitir conhecimento, realizar pesquisa científica inovadora e de qualidade
-além de formar novas gerações de
pesquisadores e cientistas-, a carência de recursos vem obrigando
USP, Unicamp e Unesp a adiar a
abertura de novos cursos, dificultando a realização de contratações e impedindo novos investimentos.
O problema não diz respeito apenas às universidades estaduais paulistas, mas ao ensino público superior no país. O papel das universidades públicas na produção e na difusão do conhecimento é fundamental
e precisa ser preservado. Isso exige
que novas fontes de recursos sejam
criadas. E esse desafio não pode
mais ser adiado. Cabe à comunidade
acadêmica e ao poder público avançar no debate sobre a reforma universitária e encaminhar soluções, sem o
que fica ameaçado um patrimônio
de valor inestimável para o país.
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