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São Paulo, sábado, 30 de agosto de 2003

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BOMBA IRAQUIANA

O atentado de ontem em Najaf, que matou pelo menos 75 pessoas, ressalta o completo fracasso dos EUA em sua tentativa de manter a ordem no Iraque. A explosão do carro-bomba, na mais violenta ação terrorista perpetrada até agora no país, mostra também que o Iraque pode estar convertendo-se no palco de uma sangrenta guerra civil.
O ataque foi aparentemente dirigido contra o aiatolá Mohammed Baqer al Hakim, uma liderança xiita moderada, que vinha colaborando com os norte-americanos. Al Hakim morreu no atentado. A lista de suspeitos é extensa. Embora encabeçada por militantes leais a Saddam Hussein, inclui também facções xiitas rivais e grupos islâmicos sunitas.
O que parece certo é que, passados quatro meses desde que foi decretado o fim oficial das operações de combate, o Iraque permanece absolutamente inseguro, tanto para as tropas dos EUA e do Reino Unido como para funcionários da ONU e das agências humanitárias, além dos cidadãos comuns.
Paradoxalmente, a violência no Iraque impede ou pelo menos atrasa a substituição da ocupação anglo-norte-americana por um governo iraquiano representativo, o evento que mais verossimilmente contribuiria para reduzir as tensões.
A Casa Branca, ao que parece, já teria se dado conta da armadilha em que a ocupação vai se enredando. Surgem informações de que Bush já estaria disposto a negociar a substituição da administração militar dos EUA por forças internacionais.
Falta, porém, melhor entendimento a respeito de quem lideraria a reconstrução e como seriam distribuídos seus lucrativos contratos. Os EUA insistem em manter o controle enquanto países como a França querem ver a ONU à frente do processo. Diante das condições gerais e do atentado de ontem, é preciso que a comunidade internacional mova esforços para enfrentar a situação. A internacionalização da administração parece impor-se com urgência.


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