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BOMBA IRAQUIANA
O atentado de ontem em Najaf, que matou pelo menos 75
pessoas, ressalta o completo fracasso dos EUA em sua tentativa de manter a ordem no Iraque. A explosão do
carro-bomba, na mais violenta ação
terrorista perpetrada até agora no
país, mostra também que o Iraque
pode estar convertendo-se no palco
de uma sangrenta guerra civil.
O ataque foi aparentemente dirigido contra o aiatolá Mohammed Baqer al Hakim, uma liderança xiita
moderada, que vinha colaborando
com os norte-americanos. Al Hakim
morreu no atentado. A lista de suspeitos é extensa. Embora encabeçada
por militantes leais a Saddam Hussein, inclui também facções xiitas rivais e grupos islâmicos sunitas.
O que parece certo é que, passados
quatro meses desde que foi decretado o fim oficial das operações de
combate, o Iraque permanece absolutamente inseguro, tanto para as
tropas dos EUA e do Reino Unido como para funcionários da ONU e das
agências humanitárias, além dos cidadãos comuns.
Paradoxalmente, a violência no Iraque impede ou pelo menos atrasa a
substituição da ocupação anglo-norte-americana por um governo iraquiano representativo, o evento que
mais verossimilmente contribuiria
para reduzir as tensões.
A Casa Branca, ao que parece, já teria se dado conta da armadilha em
que a ocupação vai se enredando.
Surgem informações de que Bush já
estaria disposto a negociar a substituição da administração militar dos
EUA por forças internacionais.
Falta, porém, melhor entendimento a respeito de quem lideraria a reconstrução e como seriam distribuídos seus lucrativos contratos. Os
EUA insistem em manter o controle
enquanto países como a França querem ver a ONU à frente do processo.
Diante das condições gerais e do
atentado de ontem, é preciso que a
comunidade internacional mova esforços para enfrentar a situação. A
internacionalização da administração parece impor-se com urgência.
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