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LÍNGUA OBRIGATÓRIA
A língua espanhola está entre
as mais belas do mundo. Nela
escreveram Cervantes, Lope de Vega,
Calderón, Luis de Góngora e Jorge
Luis Borges, entre muitos outros.
Tampouco está em dúvida a utilidade
do idioma de Castela, falado por
mais de 250 milhões de pessoas em
dezenas de nações. O espanhol é especialmente valioso para os brasileiros, pois é a língua da maioria dos
países vizinhos bem como dos parceiros do Mercosul.
Essa grande importância, contudo,
não justifica a proposta de tornar o
ensino do espanhol obrigatório em
todo o país, como o Congresso
ameaça fazer. Hoje, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB) estipula a obrigatoriedade do ensino de
uma língua estrangeira moderna, cabendo à comunidade defini-la. A
LDB também prevê, no ciclo médio,
o ensino de um segundo idioma estrangeiro, em caráter optativo.
Existem vários projetos no Congresso a respeito do ensino do espanhol. Está em fase adiantada de tramitação o do deputado Átila Lira
(PSDB-PI), que acaba de voltar do Senado para a Câmara e poderá ser
aprovado em breve. Ao tornar a oferta do espanhol obrigatória e silenciar
sobre o inglês, essa lei poderia ter como resultado a substituição da língua de Shakespeare pela de Cervantes. E isso porque as escolas poderiam ter dificuldades para ministrar
dois idiomas estrangeiros.
E, por maiores que sejam os méritos literários do espanhol, em termos de utilidade ele não se compara
ao inglês, que se tornou a principal
língua veicular do planeta, isto é, o
idioma no qual se dão as comunicações entre povos de falas diferentes.
Ninguém é obrigado a gostar dessa
primazia do inglês e nem concordar
com os aspectos políticos que ela encerra, mas é preciso ser bastante tolo
para não reconhecê-la.
De resto, é mais do que oportuno
reconhecer que entre as maiores virtudes da LDB está a de, até onde é
possível, deixar que cada comunidade -e não os burocratas de Brasília- defina o que lhe interessa.
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