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A VOLTA DA PÓLIO
As piores previsões estão se tornando realidade. O surto de casos de poliomielite registrado na
África pode ser o início de uma nova
epidemia na região. A irrupção de
doenças não é propriamente uma
novidade no continente, já devastado
pela Aids, pela malária e por uma
pletora de moléstias infecciosas típicas de países pobres. A diferença é
que, até alguns meses atrás, falava-se
em erradicar a pólio da África e do
mundo. Agora, é possível que se tenha de lidar com uma nova epidemia
dessa doença que atinge a população
mais vulnerável: as crianças.
Com efeito, em janeiro deste ano a
Organização Mundial da Saúde
(OMS) ainda emitia comunicados
auspiciosos, afirmando que o planeta tinha diante de si a melhor oportunidade de livrar-se para sempre da
pólio. Planejava-se uma ampla campanha de imunização nos seis países
em que a doença é endêmica (Afeganistão, Índia, Egito, Níger, Nigéria e
Paquistão) e em nações vizinhas.
Pretendia-se vacinar mais de 250 milhões de crianças.
Na África, porém, as coisas não
saíram como previsto. O principal
obstáculo foram as autoridades religiosas de Estados do norte da Nigéria, que decretaram a vacina "antiislâmica" e com isso contribuíram
grandemente para frustrar os esforços da OMS. Dos 602 casos de pólio
contabilizados no mundo em 2004
(até o dia 24 de agosto), 476, isto é,
79%, ocorreram na Nigéria. Pior, 12
países da região que não registravam
infecções desde janeiro de 2003 voltaram a apresentar casos.
O remédio é insistir na imunização, agora ampliada. Depois de negociações com as autoridades religiosas, a vacinação foi retomada nos
Estados "rebeldes". Planeja-se uma
grande campanha em outubro e novembro, mas a OMS vem encontrando dificuldades de financiamento.
Quando se trata da África, o pior cenário é quase sempre o mais provável. Sem ajuda dos países desenvolvidos e em desenvolvimento, será difícil mudar esse quadro.
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