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CLÓVIS ROSSI
O pântano vai à TV
SÃO PAULO - Posso estar enganado, porque, primeiro, memória é
sempre traiçoeira e, segundo, não
há um metro confiável para fazer
comparações em tais casos.
Feita essa fundamental ressalva,
ouso dizer que jamais houve, na história da República, uma chuva de
acusações e adjetivações tão contundentes contra um governante
ainda no exercício de suas funções
como aconteceu anteontem durante o debate promovido pela Globo.
Aliás, o estúdio em que foi realizado o debate é também aquele em
que é gravado o programa "Zorra
Total".
Foi mais ou menos isso o que
aconteceu: uma zorra total em cima
de Lula, o ausente.
Não faltou menção a um único
dos incontáveis escândalos do lulo-petismo, assim como não faltou a
caracterização de "organização criminosa" ao mesmo grupo, lançada
pela senadora Heloísa Helena. Na
verdade, a expressão é originalmente do procurador-geral da República, nomeado por Lula.
Claro que o lulo-petismo poderá
dizer que se trata de conspiração da
mídia, das elites, de golpismo, de
reação da "direita". Mas tal reação
não teria parentesco nem remoto
com a realidade, como costuma
ocorrer, aliás, com o lulo-petismo.
A mídia não participou do debate,
salvo para convidar os debatedores,
Lula incluído. Heloísa Helena e
Cristovam Buarque são, ambos, originários do PT, do qual saíram faz
apenas três anos.
Só um delirante colocaria ambos
no campo da "direita". Aliás, não faz
muito, quem colocou Lula na direita foi o banqueiro Olavo Setúbal ao
dizer que tanto o presidente como
seu principal adversário, Geraldo
Alckmin, são "conservadores".
A propósito, Alckmin foi o menos
agressivo dos debatedores.
O último ato do processo eleitoral acabou servindo, acima de tudo,
para confirmar que o governo Lula
criou um pântano político talvez
inédito.
crossi@uol.com.br
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