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FERNANDO RODRIGUES
Envelhecimento precoce
BRASÍLIA - É compreensível que,
no retorno à democracia, as regras
para debates tenham sido tão rígidas num país acostumado a manipulações de redes de TV. Mas o modelo em vigor sofre de envelhecimento precoce.
Foram quase inúteis os debates
nas TVs ao longo da campanha, tanto nos planos estaduais como no federal.
Chegou-se ao paroxismo no
encontro dos presidenciáveis na
quinta-feira, na TV Globo, cujo início foi tomado por uma descrição
infindável de complicadas regras.
Nenhuma novidade. Nenhum esclarecimento capaz de melhorar o
voto dos eleitores.
"O tema é infra-estrutura", dizia
o locutor. O candidato escolhido
então começava a falar sobre corrupção. O político incumbido de comentar emendava sobre educação
ou outro assunto nada relacionado
a infra-estrutura.
É evidente que não há como obrigar as pessoas a falar o que não querem. Democracia é assim.
Também não tem muito cabimento esperar que todos os candidatos estejam disponíveis, o tempo
todo, para todos os debates de todas
as emissoras de TV e rádio. Em alguns países, a sociedade civil se
ocupa de montar associações independentes que organizam os encontros entre presidenciáveis. As
TVs livremente transmitem. Nos
Estados Unidos funciona assim.
Se a discussão sobre reforma política acabar mesmo vingando, não
seria ruim se alguma modernização
nessa área fosse incluída.
Algum critério objetivo deveria
ser estabelecido para que fossem
chamados apenas os dois ou, no
máximo, os três mais bem colocados nas pesquisas de opinião.
De outra forma, chegaremos em
2010 novamente como estamos hoje. O candidato favorito se recusa a
debater, repetindo o que outros fizeram no passado.
frodriguesbsb@uol.com.br
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