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Campanhas caras
OS MECANISMOS de financiamento e fiscalização das
campanhas eleitorais no
Brasil continuam a exigir reparos. Na esteira dos desmandos
dos mensaleiros, o Congresso
Nacional aprovou uma "minirreforma política" que privilegiava
o acessório -proibição de distribuir bonés e chaveiros, por
exemplo- e deixava de lado o essencial -o aprimoramento do
controle sobre as despesas dos
candidatos.
A comparação entre os gastos
da campanhas presidenciais de
2002 e 2006 evidencia as distorções. Há quatro anos, o candidato Luiz Inácio Lula da Silva arrecadou R$ 44,73 milhões. Em
2006, foram R$ 104,3 milhões:
um salto de 133%, já corrigido
pela inflação. Verifica-se o mesmo fenômeno na candidatura tucana. O então candidato José
Serra declarou despesas de R$
46,6 milhões -contra R$ 81,9
milhões consumidos pela campanha de Geraldo Alckmin.
A migração de recursos de caixa dois para a contabilidade oficial do partido é uma hipótese
para explicar a discrepância.
Tornou-se mais intensa a preocupação da imprensa e da opinião pública com o financiamento das campanhas após a eclosão
dos escândalos envolvendo financiamento de campanha. É
plausível cogitar de que esse elemento tenha ajudado a inibir as
doações "por fora" neste ano.
A prestação de contas, porém,
não favorece a transparência:
cerca de 20% do total arrecadado
por Lula, para citar um exemplo,
tem origem em contribuições
"ocultas" de empresas, cuja identidade só virá à tona seis meses
após as eleições. A extinção dessa
brecha na legislação é um imperativo para aumentar o controle
sobre os gastos eleitorais.
Há ainda que avaliar a instituição de novos mecanismos para
reduzir o custo das candidaturas.
Em pouco mais de três meses de
campanha efetiva, os dois principais candidatos à Presidência
consumiram cifra superior a R$
180 milhões -parte expressiva
no custeio dos programas eleitorais na TV. Torná-los menos dispendiosos é uma agenda que precisa ser enfrentada.
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